O presente projeto surgiu de um grupo de estudantes que se empenharam em realizar ações que visassem combater os frequentes casos de observações e reclamações de colegas com problemas de depressão. Neste sentido, o grupo procurou a professora de sociologia que os auxiliou e assim organizaram o Grupo Depressão, Saúde e Sociedade, do qual surgiu a ideia da escrita de um projeto de pesquisa para compreender o fenômeno e a construção deste, para realizar intervenções culturais com o sentido de enfrentamento da depressão no âmbito universitário.

Arte, Saúde, Depressão

O presente projeto surgiu de um grupo de estudantes que se empenharam em realizar ações que visassem combater os frequentes casos de observações e reclamações de colegas com problemas de depressão. Neste sentido, o grupo procurou a professora de sociologia que os auxiliou e assim organizaram o Grupo Depressão, Saúde e Sociedade, do qual surgiu a ideia da escrita de um projeto de pesquisa que está sendo executado após aprovação em um edital de iniciação científica. A partir daí o grupo já realizou eventos com a temática e sentiu interesse em realizar projetos de extensão para realizar intervenções culturais com o sentido de enfrentamento da depressão no âmbito universitário.

Intervenções a partir da arte em grupo e que considerem os fatores sociais e culturais vêm sendo citadas como formas eficazes, tanto na prevenção de episódios depressivos, quanto no complemento ao tratamento médico, como consta na diretriz de manejo da depressão publicada em 2009 (NICE, 2009). Estas intervenções culturais podem ser utilizadas de diversas maneiras, podendo ser musicalmente, como relatado por Muszkat (2015), no estudo em que firmou-se a eficácia da música na estimulação da flexibilidade mental, a coesão social fortalecendo vínculos e compartilhamento de emoções que nos fazem perceber que o outro faz parte do nosso sistema de referência e facilitando a expressão de estados afetivos e comportamentais em indivíduos com depressão e ansiedade, o que vai ao encontro do que foi dito por Macdonald (2013) que a musica causa a liberação endorfina, que pode ter um efeito sobre áreas cerebrais responsáveis pela modulação da dor, do humor, depressão ou ansiedade. Não apenas a música, mas intervenções que envolvam artes em geral têm mostrado bons resultados no que diz respeito à prevenção e tratamento complementar da depressão, como nos estudos de Ciasca (2017) com mulheres depressivas, de Marques (2014) com intervenções artísticas em espaços públicos dos bairros de Lisboa, de Neto (2015) com artes visuais ecológicas através da plantação de plantas, e de diversos outros autores. Ou seja, há um consenso na literatura científica de que a depressão não é puramente biológica e que fatores socio/culturais estão intimamente relacionados, assim sendo, estas intervenções se baseiam em evidências científicas e possui potencial sucesso na prevenção de depressão e complemento ao tratamento, fato este que associado aos frequentes casos de depressão no ambiente universitário, justifica a realização do projeto que propõe tais intervenções.

Objetivo Geral Proporcionar aos estudantes e profissionais da UFVJM, Campus JK, intervenções artístico/culturais com o objetivo de prevenir e complementar o tratamento de transtornos depressivos. Objetivos Específicos: - Usar a arte como meio de prevenção de alterações no humor e possivelmente depressão. - Melhorar o desempenho acadêmico dos estudantes através de intervenções artístico/culturais. - Aumentar a interação entre a população acadêmica. - Estimular e potencializa a arte dentro da universidade.

As metas do presente projeto serão promover melhoria na qualidade de vida, redução de sintomas depressivos, redução da retenção/evasão. Envolver aproximadamente 200 estudantes nas atividades do projeto e acolhendo novas ideias, 10 técnicos, 10 docentes e aproximadamente 200 pessoas da comunidade externa à universidade.

Esta proposta ocorrerá na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, campi Diamantina (espaços de convivência, pavilhões de aulas e outros espaços estratégicos) e na cidade de Diamantina, estendendo às não apenas à região central, mas levando também intervenções artísticas às periferias da cidade. Todos os membros do projeto se reunirão semanalmente para capacitação e organização das intervenções, a fim de que se garanta uma extensão universitária de qualidade e que possua bases sólidas que permitam futura integração com pesquisa e ensino. As atividades a serem realizadas serão conduzidas da seguinte maneira: serão realizados encontros quinzenais de dança ao ar livre envolvendo diferentes ritmos musicais, como o recomendado por Koch et al., (2007) para complementar o tratamento e prevenção. Também será criado o painel artístico, nos quais os estudantes/profissionais poderão expressar seus sentimentos em forma de arte visual pelos campi e serão realizadas sessões mensais de cinema em praças da cidade e campi, tendo como objetivo promover lazer e troca de saberes com a população. Os filmes passarão por análise previa da equipe do projeto antes da projeção, para que o conteúdo seja adequado à situação. As atividades serão divulgadas por redes sociais previamente criadas pelo grupo Depressão, Saúde e Sociedade e através de cartazes. Durante os encontros de dança os participantes serão encorajados a dançar, sendo que não haverá uma forma correta, mas sim a criatividade de cada um. A avaliação da satisfação da população com as atividades será feita através de um questionário criado pelo grupo, no qual haverá itens perguntando sobre a expectativa antes da atividade e com a satisfação após a participação, contendo ainda um item em aberto para possíveis sugestões e outras considerações. A avaliação objetiva das intervenções serão feitas através da aplicação do questionário Inventario de Depressão de Beck, traduzido para o brasil por GORENSTEIN e ANDRADE (1998), o qual oferece resultados indicativos de sintomas depressivos e será utilizado como método de avaliação e criação de dados importantes para o Grupo Depressão, Saúde e Sociedade. Possíveis constrangimentos podem ocorrer durante a aplicação de questionários e quando houver fotografias e filmagens, mas isso será amenizado com o sigilo de todas as informações e através da aplicação de um termo de imagem solicitando a permissão dos indivíduos. Espera-se conseguir parcerias com grupos de teatro, dança e de atividade física, como o curso de educação física da UFVJM, além da comunidade, a qual não será passiva no processo. As atividades a serem realizas são de importância já comprovada pela literatura científica e possui baixos custos financeiros e poucos materiais, o que se torna adequado às condições de infraestrutura da UFVJM.

NETTO, Antonio Latorraca; JÚNIOR, José Carlos Ugeda. ATIVISMO URBANO E ARBORIZAÇÃO: O COLETIVO URBANO ARTÍSTICO E ECOLÓGICO-NÃO RECLAME DO CALOR-PLANTE UMA FLOR EM CUIABÁ, MT. Periódico Técnico e Científico Cidades Verdes, v. 3, n. 6, 2015. MARQUES, Inês Maria Andrade. A Seria, a Varina eo Governador de Macau: Intervenções artísticas e espaço público nos bairros de casas económicas de Lisboa. On the w@ terfront, n. 6, p. 553-647, 2004. CIASCA, Eliana Cecília. Arteterapia e depressão: efeitos da arteterapia como terapia complementar no tratamento da depressão em idosos. 2017. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. NICE. Depression in adults: recognition and management. 2009. GORENSTEIN, Clarice; ANDRADE, L. H. S. G. Inventário de depressão de Beck: propriedades psicométricas da versão em português. Rev Psiq Clin, v. 25, n. 5, p. 245-50, 1998. MUSZKAT, Mauro. Música, neurociência e desenvolvimento humano. MINISTÉRIO DA CULTURA E VALE APRESENTAM, p. 67, 2015. ASSUNÇÃO-JUNIOR, S. S. M.; GUIMARÃES, D. B. S. Scivoletto S. Depressão. Revista Brasileira de Medicina, v. 55, n. 7, p. 459-469, 1998. BAPTISTA, M. N. et al. Nível e fontes de estresse em alunos de psicologia. Psico-USF, v. 3, n. 1, p. 61-76, 1998. MACDONALD, Raymond AR. Music, health, and well-being: A review. International journal of qualitative studies on health and well-being, v. 8, n. 1, p. 20635, 2013. CORRÊA, A. C. A fenomenologia das depressöes: da nosologia psiquiátrica clássica aos conceitos atuais. Psiquiatr. biol, v. 3, n. 3, p. 61-72, 1995. SILVA, Thais Rodrigues; Carvalho, Eliane Alicrim. Depressão em professores universitários: uma revisão da literatura brasileira. REVISTA UNINGÁ REVIEW, v. 28, n. 1, 2018. INOCENTE, Nancy Julieta et al. Síndrome de Burnout em professores universitários do Vale do Paraíba (SP). 2005. KOCH, Sabine C.; MORLINGHAUS, Katharina; FUCHS, Thomas. The joy dance: Specific effects of a single dance intervention on psychiatric patients with depression. The Arts in Psychotherapy, v. 34, n. 4, p. 340-349, 2007.

Oito estudantes participaram na escrita deste projeto. A equipe atual é formada por 11 membros de diferentes cursos da área da saúde. Eles estarão trabalhando diretamente na organização e desenvolvimento do projeto, organizando de reuniões, nas discussões de ideias e planejamento de novas ações. Eles serão responsáveis por mediar as atividades, garantindo que estas ocorram de forma adequada. A participação dos estudantes será confirmada mediante a assinatura à uma lista de presença. As atividades possuem potencial de aproximar os estudantes da comunidade externa à universidade. A capacitação ocorrerá durante as reuniões semanais, que contará com a presença da professora orientadora e com os debates a cerca do referencial teórico que os norteará. Estes estudantes serão avaliados segundo a sua frequência nas atividades.

A depressão é uma questão de saúde pública e vem aumentando consideravelmente na universidade e na sociedade em geral. Diversos fatores são apontados como causadores deste estado mental. Dentre eles o modo de vida e as questões socioeconômicas; psíquicas; de gênero; étnica. Trata-se de buscarmos solução para, no mínimo, amenizar o estado depressivos no ambiente universitário e fora dele. Levar mais leveza para o dia a dia das pessoas que mais precisam de atenção. A arte cura. Realizar alguma atividade artística colabora para a melhoria das pessoas depressivas.