Detalhes da proposta

MULIER nas escolas: saúde, proteção e empoderamento feminino

Sobre a Proposta

Tipo de Edital: Pibex

Situação: Aprovado


Dados do Coordenador

    Nome do Coordenador

    etel rocha vieira

    Número de inscrição:

    202410120243548

    Unidade de lotação:

    famed

Caracterização da Ação

    Área do Conhecimento:

    ciências da saúde

    Área temática principal:

    saúde

    Área temática secundária:

    educação

    Linha de extensão:

    infância e adolescência

    Abrangência:

    municipal

    Gera propriedade intelectual:

    Não

Membros

roberta vasconcelos leite Vice-coordenador(a)

barbara silva vicentini Bolsista

Resumo

O projeto objetiva promover aulas e grupos de discussão com a comunidade universitária e externa sobre empoderamento feminino na perspectiva de três eixos temáticos: “Saúde da Mulher”, ”Como me defender” e “Eu posso”. Tem-se como metas realizar, ao menos, 9 (nove) aulas ou palestras ministradas por profissionais convidados, com público de pelo menos 40 (quarenta) pessoas no total; e 9 (nove) encontros nas escolas e instituições parceiras conduzido pelas integrantes do projeto, com participação de ao menos 30 (trinta) alunas de cada instituição.


Palavras-chave

saúde feminina, proteção feminina, empoderamento feminino


Introdução

Na sociedade hodierna, nascer mulher é uma condição que carrega inúmeras funções e significados. Historicamente, sua identidade foi construída em uma perspectiva voltada aos cuidados domésticos e, apesar dos avanços, ainda há discriminação ao ocupar outras esferas (COUTINHO; MENANDRO, 2015). Dessa forma, emerge a importância do empoderamento feminino, definido como a libertação das mulheres nos âmbitos individual e coletivo (SARDENBERG, 2012). Assim, a discussão em ambientes de ensino com mulheres jovens é imprescindível, uma vez que, ainda na infância, os marcadores de gênero são incorporados à identidade das crianças, sendo necessário que essa reflexão ocorra o mais cedo possível, a fim de evitar gravidez precoce, abuso sexual e outros tipos de violência de gênero (BOTTON; STREY, 2019). Ofertar esse debate em instituições educacionais, oferece uma oportunidade de conhecer, interpretar e ter autonomia sobre a própria identidade, propiciando meios de mudança da realidade social. Com tal projeto, espera-se que os conhecimentos adquiridos no contexto de ensino e pesquisa na Universidade e consolidados por meio de diálogos com atores sociais da cidade que têm se debruçado sobre o tema, possam embasar intervenções dentro de instituições educativas, abarcando debates sobre saúde feminina, violência de gênero e suas derivações, além de empoderar as meninas participantes, evidenciando que todos os espaços e esferas sociais podem ser ocupados por elas. Este projeto pretende explorar o potencial formador que essas instituições possuem, promovendo discussão e reflexão de tais temas, para contribuir com a formação de meninas capazes de questionar as situações do cotidiano às quais são expostas. Ao articular ensino, pesquisa e intervenção, pretende-se organizar palestras, aulas abertas e rodas de conversa em forma de dinâmicas alunas da educação básica do município de Diamantina, ancoradas em conhecimentos científicos e dados atualizados. É esperado que o público alcançado sejam meninas, crianças e adolescentes, que frequentam as escolas e instituições parceiras, bem como discentes, docentes, técnicos, familiares e quaisquer pessoas que se interessem pelo assunto em questão. Como metas, espera-se a participação de no mínimo 20 pessoas nas aulas abertas e ao menos 15 alunas durante as ações nas escolas, prevendo que haverá impactos diretos na formação das participantes e indiretos na minimização das consequências da desigualdade de gênero. Os conteúdos abordados serão diversos e terão como base três eixos principais: “Saúde da mulher”, “Como me defender” e “Eu posso”. Durante as aulas e grupos de discussão, será possível proporcionar um ambiente interdisciplinar e de troca de conhecimentos entre comunidade acadêmica e membros da comunidade externa. Espera-se o desenvolvimento de habilidades interpessoais das discentes por meio da fala e da escuta de diferentes narrativas num processo de aprendizagem horizontal, onde todo saber é valorizado.


Justificativa

De acordo com as diretrizes do Regulamento de Ações de Extensão da UFVJM, este projeto se encaixa na área temática 6 - Saúde, e na linha de extensão 27 - Infância e Adolescência, tendo em vista que busca-se promover debates no intuito de incentivar, servir de apoio e fonte de conscientização para o empoderamento feminino de crianças e adolescentes, acreditando que esse se mostra como o melhor caminho para a alteração de estruturas sociais que subjugam as mulheres a uma posição de inferioridade, tornando-as vulneráveis a situações de violências físicas, psicológicas, verbais e materiais. O estado de subjugação e de submissão no qual as mulheres se encontram perante os homens tem raízes históricas. Simone de Beauvoir (1980, p. 10) remete esse ideal de subjugação aos escritos bíblicos “em que Eva aparece como extraída [...] de um ‘osso supranumerário’ de Adão.”. Nesse contexto, tem-se uma banalização da dominação masculina, que, como afirmado por Bourdieu (2012), desencadeia violências de tal forma legitimadas pela ordem social ao ponto de não possuir necessidade de serem enunciadas. Assim, soma-se a problemática da violência contra mulher, que mesmo com estatísticas altas enfrenta o problema da subnotificação, tendo em vista que a denúncia nem sempre é realizada. Levando em consideração o componente histórico e social que mantém em voga a naturalização da ocorrência de tais atos, é totalmente lógico que em situações de vulnerabilidade socioeconômica, como a realidade de grande parte do Vale do Jequitinhonha, essa situação se agrave. Essa relação surge principalmente nos menores índices de educação, que dificultam a promoção de discussões como a igualdade de gênero, o machismo e possibilidades de ocupação de posições que garantam independência social e financeira (HEMMI; MÁXIMO; BARROSO; TENUTA, 2020). Para reverter esse cenário, é necessário promover um debate que questione a sua própria existência. Debate esse que o presente projeto objetiva promover, buscando o ambiente potencialmente transformador que se apresenta nas instituições educacionais com o intuito de reverter o sentimento de predestinação previamente mencionado nas estudantes que farão parte das ações a serem implementadas. Temos como um resultado de toda essa discussão o pouco conhecimento de meninas e mulheres a respeito de toda essa estrutura que as subjuga, de seus direitos e, até mesmo, de seu próprios corpos, o que implica em um cenário precário de saúde da mulher em tópicos básicos, como menstruação, gravidez, prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, higiene pessoal, além do conhecimento de seus direitos enquanto cidadãs, entre outros tópicos que atuem no sentido de empoderar meninas, visando transformação social naqueles que serão o futuro da nossa sociedade. Sendo garantido pelo artigo 7° do Estatuto da Criança e do Adolescente o direito à proteção à vida e à saúde por meio de políticas sociais públicas, é crucial que projetos se voltem a essa realidade, promovendo um conhecimento que gera impactos positivos de curto prazo, para além das transformações que se perpetuam por toda a vida dessas crianças e adolescentes (BRASIL, 1990). Ambicionando a promoção de mudança nesse panorama, vê-se a necessidade de levar as discussões sobre promoção de saúde da mulher, autodefesa e oportunidades profissionais para instituições educacionais, sempre em diálogo com os saberes que já existem nessas instituições e que cada menina traz consigo. Assim, a extensão se articula pelas intervenções diretas na comunidade, por meio da promoção das discussões apresentadas, promovendo conscientização das estudantes. O ambiente educativo foi escolhido por ser propício para a promoção de saúde e educação, acreditando na educação como instrumento transformador e visando um impacto positivo na percepção de crianças e adolescentes sobre si próprias, suas potencialidades para o futuro e sobre o panorama de violência que perpassa a vida de todas as mulheres. Busca-se a articulação com o ensino universitário, pela promoção de capacitações prévias às intervenções promovidas dentro do mesmo eixo temático, expandindo o debate de forma a impactar positivamente sua abordagem pelos discentes, docentes e demais profissionais envolvidos. Por fim, espera-se, futuramente, utilizar-se de todo o potencial transformador do projeto no sentido de expandi-lo para o âmbito da pesquisa. Assim, é priorizada a indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão, contribuindo para a expansão da promoção de benefícios a todos os envolvidos, comunidade universitária e demais setores da sociedade. Contemplado nos editais Pibex 2022 e 2023, o projeto “MULIER nas escolas: saúde, proteção e empoderamento feminino” tem se mostrado enriquecedor às envolvidas. Nelas, foi possível construir interações dialógicas com membros da comunidade externa sobre temas como feminismo, história da violência de gênero, abordagem da violência contra a mulher, doenças sexualmente transmissíveis , empreendedorismo e saúde íntima. A equipe de execução conta atualmente com 11 discentes do curso de medicina. Foram realizadas até o momento, em 2023, 10 intervenções com rodas de conversa, 4 capacitações interdisciplinares, 10 reuniões, 2 palestras e 3 reuniões de alinhamento entre as discentes. Nas rodas de conversa já realizadas na instituição parceira, Vila Educacional de Meninas - VEM, participaram cerca de 60 meninas com idades entre 12 e 16 anos. O formato interativo das intervenções permite uma troca de experiências que estimula os conhecimentos das extensionistas, além de aprimorar suas habilidades de comunicação e empatia. Para além disso, o retorno das adolescentes participantes tem sido muito positivo, sendo possível observar o estabelecimento de vínculos com as extensionistas. De forma geral, tem sido possível superar as adversidades que se apresentaram. Estima-se, por esse tempo de experiência, que a propagação de conhecimentos baseados na saúde e na ciência, seguirão fortalecendo as adolescentes na tomada de decisões benéficas para a própria vida, e, também, que as extensionistas poderão se aproximar de seus interesses e necessidades cada vez mais. Em 2023 as extensionistas foram capacitadas nas temáticas de abuso de crianças e adolescentes, violência contra a mulher. O projeto também contribui para a disseminação científica na Universidade, cujos resultados foram transformados em quatro trabalhos científicos apresentados no I e II Congresso de Ciências da Saúde da UFVJM, sendo que um deles foi contemplado com uma menção honrosa. Ademais, conquistou-se, em 2023, a participação na organização do I Mini-EREM (Encontro Regional dos Estudantes de Medicina) da UFVJM, bem como na Mesa de Abertura e Oficina Teórica acerca do projeto. Desenvolveu-se a Campanha “Absorvente para Todas!”, com objetivo de arrecadação voluntária de absorventes para doação às estudantes da VEM, ainda em atividade. O projeto em questão também foi nomeado como Projeto de Extensão Destaque em 2023 pela DENEM (Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina), sendo convidado a participar do próximo EREM, em Belo Horizonte, na temática de Violência contra Crianças e Adolescentes. Também fez participação no Café com Prosa, organizado pelo CALMED-JK, no tema violência de gênero. Pretende-se dar continuidade a essa divulgação do projeto por meio da submissão de trabalhos a mais eventos e periódicos científicos, bem como de maior atividade na rede social Instagram, a fim de aumentar a visibilidade das ações. Além disso, expandir as abordagens e o aprofundamento de cada tema por meio da inclusão de discentes de outros cursos da universidade justifica a continuidade e importância do projeto à comunidade de Diamantina.


Objetivos

Objetivo geral: Promover aulas e grupos de discussão envolvendo docentes, discentes, técnicos administrativos e comunidade externa sobre empoderamento feminino na perspectiva de três eixos temáticos: “Saúde da Mulher”, ”Como me defender” e “Eu posso”. Objetivos específicos: - Realizar grupos de discussão mensais e palestras abertas ao público sobre os três eixos temáticos; - Capacitar em eixos multidisciplinares as integrantes do projeto para discutirem os temas dos três eixos temáticos nas rodas de conversa com a comunidade externa; - Contribuir com a formação da identidade de gênero de meninas em idade escolar; - Colaborar com a construção do pensamento crítico, político e social de todos os participantes; - Proporcionar visão mais ampla do futuro profissional de meninas em idade escolar; - Compartilhar vivências e experiências individuais sobre os temas abordados nos encontros. - Contribuir para a diminuição das taxas de desigualdade de gênero, violência contra a mulher, gravidez na adolescência e abuso de álcool e drogas na adolescência; - Promover educação em saúde feminina. - Promover a interdisciplinaridade nas ações extensionistas, evidenciando diversos pontos de vista da temática.


Metas

Impacto direto: - Ampliar o conhecimento dos participantes acerca dos assuntos discutidos - Formação feminista e crítica dos participantes - Possibilitar a mulheres amparo e ciência de seus direitos e de suas possibilidades - Capacitar as discentes participantes do projeto sobre os temas para as ações nas instituições parceiras - Possibilitar às participantes uma visão do futuro profissional mais ampla Impacto indireto: - Integração das comunidades interna e externa na universidade - Melhoria nas habilidades de lidar com o público e de promover debates - Integração de discentes, docentes e técnicos-administrativos de diversos cursos da UFVJM - Ampliação das possibilidades futuras profissionais e humanas das participantes - Fomentar a visão crítica política e social acerca dos temas discutidos - Diminuir as taxas de desigualdade de gênero, violência contra a mulher, gravidez na adolescência e abuso de álcool e drogas na adolescência; Indicadores numéricos: - 9 (nove) aulas ou palestras ministradas por profissionais convidados, com público de pelo menos 40 (quarenta) pessoas no total; - 9 (nove) encontros nas instituições parceiras conduzido pelas integrantes do projeto, com participação de cerca de 15 (quinze) alunas e, pelo menos 2 (duas) discentes em cada um; - 1 (um) encontro ao final de cada ciclo de rodas de conversa nas instituições parceiras; - 2 (dois) encontros de supervisão, ao longo dos 12 meses; - 5 (cinco capacitações) multiprofissionais com profissionais de diversas áreas, com participação de todos os discentes do projeto.


Metodologia

Primeira etapa: Revisão Bibliográfica para definição dos temas a serem abordados Serão realizadas buscas em bases de dados que demonstrem as demandas de meninas em idade escolar que contribuam para a mudança de realidades sociais postas. A partir disso, a continuidade da abordagem dos assuntos a serem pleiteados serão definidos. Segunda etapa: Busca dos profissionais e de parcerias para as palestras e aulas abertas à comunidade Com as temáticas definidas, começará uma busca ativa por profissionais capacitados a abordarem os temas de forma mais aprofundada, bem como a busca por entidades parceiras no desenvolvimento de tais momentos. Essas palestras e aulas se darão de forma virtual no youtube ou presencial nos espaços da universidade. Terceira etapa: Palestras e aulas - capacitação das discentes extensionistas Serão realizados nove eventos para trocas de saberes com a comunidade externa, os quais serão também ocasião de capacitação das extensionistas. Os encontros ocorrerão de forma virtual ou presencial e terão a duração de duas horas. Serão discutidos os principais pontos que cercam a questão trabalhada, com o intuito de que as extensionistas sejam capazes de elaborar dinâmicas na instituição parceira. Essas serão abertas a toda comunidade universitária e externa. Quarta etapa: Realização das rodas de conversa na instituição parceira Serão realizadas nove rodas de conversa na instituição parceira, em horários indicados por sua coordenação. As participantes das rodas também serão definidas pela coordenação da instituição e haverá comunicação aos responsáveis legais sobre a proposta. A participação das crianças e adolescentes será livre, definida pela instituição educacional os horários, dias e locais. Na temática “Saúde da mulher” serão trabalhadas questões sobre saúde íntima, prevenção de doenças e saúde mental das mulheres. Na temática “Como me defender”, serão abordados os tipos de violência contra a mulher, como identificar as diversas formas de violência e abuso, amparos legais da vítima – como denunciar e a quem recorrer – além de discussões sociais e políticas que levam à prevalência da violência de gênero na sociedade. Dentro do tema “Eu posso” será trabalhado o empoderamento feminino voltado à questão profissional, em que serão abordados pontos do futuro profissional, o machismo em diversas profissões e, também, o empreendedorismo em diversos meios. Cada roda terá como temática principal os assuntos pré-definidos na primeira etapa, mas cada encontro será ajustado a partir da interação dialógica com as demandas da instituição e da turma de meninas participantes. As rodas terão duração de uma hora e meia, sendo divididas em cinco momentos principais: 1) Abertura: apresentação das extensionistas e pequena explanação sobre o tema. 2) Momento “conhecendo o território”: as participantes serão estimuladas a falar um pouco sobre o tema proposto, relatando o que entendem da questão, suas principais dúvidas, angústias e anseios. A proposta é entender o nível de conhecimento das participantes, para que seja delineado, neste momento, a profundidade que o tema será exposto, além de incluir na discussão os pontos levantados como questionamentos. 3) Momento “clareando o inexplorado”: as coordenadoras da roda irão explicar o tema de forma clara e concisa, além de sanar as dúvidas expostas no momento anterior. Esse momento ficará a critério de cada grupo de extensionistas, que elaborará dinâmicas cabíveis ao tema e à faixa etária. As explanações deverão levar em conta os pontos levantados pelas participantes, tanto verbalmente quanto anonimamente pela caixinha de perguntas. 4) Momento “partilhando vivências e sensações”: as participantes serão convidadas a compartilhar vivências e acontecimentos que envolvam o tema, além de discorrerem sobre suas percepções e sensações sobre o exposto. 5) Momento “que bom, que pena, que tal”: ao final de cada encontro, as participantes serão convidados a preencher breve instrumento de avaliação, em que serão convidadas a falar pontos positivos, negativos e sugestões. Quinta etapa: Compartilhamento de vivências e experiências entre as extensionistas Será realizada uma reunião presencial, ao final de cada ciclo de encontro nas instituições parceiras, na qual cada grupo será convidado a falar como foi o encontro com as meninas que participaram da roda de conversa. Serão discutidas as percepções sobre as rodas de conversa e elaborar como serão os próximos encontros de acordo com esses relatos. Sexta etapa: Avaliação A avaliação do projeto ocorrerá pelo público, por meio de feedback escrito e anônimo, que poderá ser preenchido por qualquer participante das aulas, palestras ou das rodas de conversa. Serão também realizados encontros de supervisão, com a presença do coordenador, para avaliar os grupos realizados. Como indicadores para esta avaliação serão considerados: adesão da comunidade universitária e externa, comprometimentos dos discentes e percepção dos participantes, que ocorrerá a partir de leitura dos feedbacks recolhidos ao final de cada ação. Questões éticas: Os participantes do projeto serão instruídos a respeito das questões éticas e legais dessa atividade, prezando pelo sigilo das discussões feitas nos grupos. Acrescenta-se que a participação nas ações do projeto é de caráter voluntário, não havendo remuneração para nenhum participante e qualquer um poderá deixar o projeto em momento que desejar ou precisar. No caso das participantes com menos de 18 anos, haverá comunicação aos responsáveis legais sobre a proposta. Os resultados obtidos poderão ser publicados na forma de relato de experiência, artigo, apresentação oral ou pôster em congressos, simpósios e similares, mantendo o sigilo a respeito da identidade dos participantes.


Referências Bibliográficas

MENANDRO, P.; COUTINHO, S.M.S. Representações sociais do ser mulher no contexto familiar: um estudo intergeracional. Psicologia e Saber Social, v. 4, n. 1, 52 - 71, 2015. SARDENBERG, C. M. B. Conceituando “Empoderamento” na perspectiva feminista. In: I Seminário Internacional: Trilhas do Empoderamento de Mulheres, 2012, Salvador. Disponível em: < https://repositorio.ufba.br/handle/ri/6848 >. Acesso em 24 out. 2023 BOTTON, A.; STREY, M. N. Educar para o empoderamento de meninas: apostas na infância para promover a igualdade de gênero. Inclusão Social, v. 11, n. 2, p. 54 - 66, 2018. Disponível em: < https://revista.ibict.br/inclusao/article/view/4109 >. Acesso em 24 out. 2023. BEAUVOIR, S. O Segundo Sexo – a experiência vivida. 4 ed. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1980. BOURDIEU, P. A dominação masculina. 11a edição. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012. HEMMI, A. P.; MÁXIMO, G.; BARROSO, H. H.; TENUTA, N. Perspectivas da Saúde Coletiva no Vale do Jequitinhonha. 1a edição. Curitiba: Brazil Publishing, 2020. BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente: Lei federal nº 8069, de 13 de julho de 1990. Rio de Janeiro: Imprensa Oficial, 2002. BRASIL.


Inserção do estudante

A previsão é que o projeto envolva estudantes de medicina e de vários outros cursos da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) - campus Diamantina. Além dos saberes já adquiridos ao longo da graduação sobre saúde feminina, determinantes sociais e proteção da mulher, as discentes extensionistas serão capacitadas durante as palestras e aulas abertas com o intuito de ampliar as discussões acerca das temáticas propostas de saúde da mulher, autodefesa e possíveis futuras carreiras profissionais para meninas e mulheres. Durante a execução do projeto, essa troca dialógica de informações e experiências com profissionais e estudantes de outras áreas do saber possibilitará uma melhor efetivação das ações a serem realizadas com a comunidade e contribuirá para a formação humana, cidadã e técnica das estudantes envolvidas. Após os momentos de capacitação, as interações promovidas em instituições educativas serão conduzidas pelas próprias discentes extensionistas por meio de rodas de conversa, como discutido na metodologia. Busca-se, nesse momento, o diálogo com o público-alvo objetivando, dentro das abordagens previstas e das capacitações oferecidas, direcionar a discussão para os principais problemas que afligem aquele grupo de crianças e adolescentes, auxiliando em seu processo de reconhecimento pessoal, social e profissional, promovendo uma rede de apoio e de conscientização em direção ao empoderamento feminino como ferramenta de promoção de saúde, educação e transformação social. Ao longo de todo processo, as discentes serão acompanhadas, orientadas e capacitadas por professores e técnicos da UFVJM e profissionais da instituição parceira. Há o intuito de promover a interdisciplinaridade das discussões e a horizontalidade das relações durante os momentos de troca e aprendizado, buscando diálogo com outras áreas para além da medicina. Tal contato com profissionais e com a comunidade externa será benéfico ao promover interação com a realidade da comunidade na qual a Universidade está inserida. A avaliação das discentes se dará ao longo de todo o processo, sendo observados a participação efetiva nos momentos de capacitação e nas rodas de conversa, o amadurecimento pessoal e acadêmico, bem como o empenho na produção de textos com reflexões sobre o projeto. Estes textos poderão fundamentar tanto a avaliação das discentes quanto futuras publicações de relato da experiência extensionista.


Observações

O projeto objetiva promover aulas e grupos de discussão com a comunidade universitária e externa sobre empoderamento feminino na perspectiva de três eixos temáticos: “Saúde da Mulher”, ”Como me defender” e “Eu posso”. Ambicionando a promoção de mudança no panorama de exclusão e violência contra mulheres e meninas, vê-se a necessidade de levar as discussões sobre promoção de saúde da mulher, autodefesa e oportunidades profissionais para instituições educacionais, sempre em diálogo com os saberes que já existem nessas instituições e que cada menina traz consigo. Assim, a extensão se articula pelas intervenções diretas na comunidade, por meio da promoção das discussões apresentadas, promovendo conscientização das estudantes.


Público-alvo

Descrição

As participantes das ações promovidas na instituição educativa parceira serão definidas pela coordenação da instituição, a partir da construção conjunta dos recortes temáticos e das metodologias a serem trabalhados. As ações ocorrerão em horários indicados pela instituição e haverá comunicação aos responsáveis legais sobre a proposta. A participação das crianças e adolescentes será livre.

Descrição

As ações promovidas de forma virtual no youtube ou presencial no ambiente universitário serão divulgadas para toda a comunidade acadêmica e externa, esperando-se a participação de interessados em temas que se articulam ao empoderamento feminino.

Municípios Atendidos

Município

Diamantina

Parcerias

Participação da Instituição Parceira

O projeto contará com a parceria da Vila Educacional de Meninas (VEM), localizada na cidade de Diamantina, Minas Gerais. Essa é uma instituição educacional filantrópica, voltada exclusivamente para o público feminino da cidade, que oferece atividades extracurriculares para meninas de até 17 anos, como música, pintura, costura, dança com o objetivo de reduzir taxas de vulnerabilidade, drogadição e desemprego do público jovem. A partir dessa parceria, o projeto de extensão em questão será aplicado mensalmente nas alunas da instituição, conforme dia e horário estabelecido pela coordenação educacional e articulado aos horários das discentes. As intervenções ocorrerão nos espaços da VEM, a qual já foi parceira deste projeto em 2022 e 2023 e está ciente e aberta à nova parceria em 2024. A parceria foi estabelecida de acordo com o disposto nos termos da Carta de Anuência (ANEXO I).

Cronograma de Atividades

Periodicidade Mensalmente
Descrição da Atividade

Serão realizadas buscas em bases de dados que demonstrem as demandas de meninas em idade escolar que contribuam para a mudança de realidades sociais postas. A partir disso, a continuidade da abordagem dos assuntos a serem pleiteados serão definidos.

Periodicidade Mensalmente
Descrição da Atividade

Com as temáticas definidas, começará uma busca ativa por profissionais capacitados a abordarem os temas de forma mais aprofundada, bem como a busca por entidades parceiras no desenvolvimento de tais momentos. Essas palestras e aulas se darão de forma virtual no youtube ou presencial nos espaços da universidade.

Periodicidade Mensalmente
Descrição da Atividade

Serão realizados nove eventos para trocas de saberes com a comunidade externa, os quais serão também ocasião de capacitação das extensionistas. Os encontros ocorrerão de forma virtual ou presencial e terão a duração de duas horas. Serão discutidos os principais pontos que cercam a questão trabalhada, com o intuito de que as extensionistas sejam capazes de elaborar dinâmicas na instituição parceira. Essas serão abertas a toda comunidade universitária e externa.

Periodicidade Mensalmente
Descrição da Atividade

Serão realizadas nove rodas de conversa na instituição parceira, em horários indicados por sua coordenação. As participantes das rodas também serão definidas pela coordenação da instituição e haverá comunicação aos responsáveis legais sobre a proposta. A participação das crianças e adolescentes será livre, definida pela instituição educacional os horários, dias e locais. Na temática “Saúde da mulher” serão trabalhadas questões sobre saúde íntima, prevenção de doenças e saúde mental das mulheres. Na temática “Como me defender”, serão abordados os tipos de violência contra a mulher, como identificar as diversas formas de violência e abuso, amparos legais da vítima – como denunciar e a quem recorrer – além de discussões sociais e políticas que levam à prevalência da violência de gênero na sociedade. Dentro do tema “Eu posso” será trabalhado o empoderamento feminino voltado à questão profissional, em que serão abordados pontos do futuro profissional, o machismo em diversas profissões e, também, o empreendedorismo em diversos meios. Cada roda terá como temática principal os assuntos pré-definidos na primeira etapa, mas cada encontro será ajustado a partir da interação dialógica com as demandas da instituição e da turma de meninas participantes. As rodas terão duração de uma hora e meia, sendo divididas em cinco momentos principais: 1) Abertura: apresentação das extensionistas e pequena explanação sobre o tema. 2) Momento “conhecendo o território”: as participantes serão estimuladas a falar um pouco sobre o tema proposto, relatando o que entendem da questão, suas principais dúvidas, angústias e anseios. A proposta é entender o nível de conhecimento das participantes, para que seja delineado, neste momento, a profundidade que o tema será exposto, além de incluir na discussão os pontos levantados como questionamentos. 3) Momento “clareando o inexplorado”: as coordenadoras da roda irão explicar o tema de forma clara e concisa, além de sanar as dúvidas expostas no momento anterior. Esse momento ficará a critério de cada grupo de extensionistas, que elaborará dinâmicas cabíveis ao tema e à faixa etária. As explanações deverão levar em conta os pontos levantados pelas participantes, tanto verbalmente quanto anonimamente pela caixinha de perguntas. 4) Momento “partilhando vivências e sensações”: as participantes serão convidadas a compartilhar vivências e acontecimentos que envolvam o tema, além de discorrerem sobre suas percepções e sensações sobre o exposto. 5) Momento “que bom, que pena, que tal”: ao final de cada encontro, as participantes serão convidados a preencher breve instrumento de avaliação, em que serão convidadas a falar pontos positivos, negativos e sugestões.

Periodicidade Anualmente
Descrição da Atividade

Será realizada uma reunião presencial, ao final de cada ciclo de encontro nas instituições parceiras, na qual cada grupo será convidado a falar como foi o encontro com as meninas que participaram da roda de conversa. Serão discutidas as percepções sobre as rodas de conversa e elaborar como serão os próximos encontros de acordo com esses relatos.

Periodicidade Mensalmente
Descrição da Atividade

A avaliação do projeto ocorrerá pelo público, por meio de feedback escrito e anônimo, que poderá ser preenchido por qualquer participante das aulas, palestras ou das rodas de conversa. Serão também realizados encontros de supervisão, com a presença do coordenador, para avaliar os grupos realizados. Como indicadores para esta avaliação serão considerados: adesão da comunidade universitária e externa, comprometimentos dos discentes e percepção dos participantes, que ocorrerá a partir de leitura dos feedbacks recolhidos ao final de cada ação.