Visitante
"Ubuntu: sou porque somos" em comunidade quilombola
Sobre a Proposta
Tipo de Edital: Pibex
Situação: Aprovado
Dados do Coordenador
cláudio eduardo rodrigues
20241012024102394
instituto de engenharia, ciência e tecnologia
Caracterização da Ação
ciências humanas
educação
cultura
patrimônio cultural, histórico, natural e imaterial
municipal
conheçendo a ufvjm - campus janaúba
Não
Membros
vanessa juliana da silva
Voluntário(a)
thaís de fátima araújo silva
Voluntário(a)
gustavo gazzola de lima
Voluntário(a)
max pereira gonçalves
Voluntário(a)
welyson tiano dos santos ramos
Voluntário(a)
antônio carlos guedes zappalá
Voluntário(a)
jacqueline andrade nogueira
Voluntário(a)
gerson ferreira da silva
Voluntário(a)
carlos henrique alves costa
Voluntário(a)
fabrício figueredo monção
Voluntário(a)
hélio oliveira ferrari
Voluntário(a)
jonatas franco campos da mata
Voluntário(a)
maria gisenilda barbosa
Voluntário(a)
gabriella lely cardoso martins
Voluntário(a)
jhefane lorrane mendes santos
Voluntário(a)
maria fernanda veríssimo morais
Voluntário(a)
bianca dos santos vales
Voluntário(a)
ana carolina de souza fagundes
Voluntário(a)
elém patrícia alves rocha
Vice-coordenador(a)
eduardo cezar barbosa de barros aragão
Voluntário(a)
andressa soares silva
Bolsista
A Associação Quilombola de Bem Viver de Vila Nova dos Poções, localizada no município de Janaúba, é composta por 6 comunidades - Vila Nova dos Poções, Jacarezinho, Monte Alto, Lagoa Grande, Pajeú e Mundo Novo -, sendo reconhecida como comunidade tradicional quilombola, isto é de matriz africana e afro-brasileira pela Fundação Cultural Palmares. Trata-se de comunidades que encontram diversas dificuldades para manter a gestão cultural, ambiental, do desenvolvimento local e o fortalecimento institucional e comunitário, colocando em risco seu ser, fazer e saber tradicional. Nesse contexto, o principal objetivo deste projeto é promover o apoio às comunidades quilombolas, visando fortalecer, preservar seu território e suas tradições, incluindo a rica cultura afro-brasileira. As ações propostas abrangem: a) integração de docentes e técnicos de diversas áreas do conhecimento da UFVJM para desenvolver atividades extensionistas que estreitem os laços entre a UFVJM e as comunidades quilombolas; b) compreensão aprofundada dos desafios enfrentados pelas comunidades, abordando aspectos culturais, sociais, ambientais e de gestão, com o intuito de identificar soluções alinhadas aos saberes tradicionais e conhecimentos acadêmicos; c) oferta de apoio, orientação e capacitação para os agentes comunitários na elaboração, submissão, gestão e acompanhamento de projetos visando a captação de recursos para benefício das comunidades; e d) colaboração com as esferas do poder público para promover ações sociais, ambientais e de capacitação que visem o fortalecimento da cidadania dos membros das comunidades quilombolas, facilitando o acesso a programas e iniciativas governamentais.
Comunidades tradicionais, Quilombola, Afro-brasileira, preservação, proteção
“Ser ou não ser, eis a questão” (Shakespeare, 2015) A epígrafe acima é de uma das obras de William Shakespeare muito propagada e conhecida em diversos ambientes. Aplicar essa frase de um dramaturgo inglês, branco, cristão e europeu na introdução de um projeto de extensão cujo público alvo são comunidades tradicionais remanescentes de quilombos pode transparecer como algo antagônico, tendo-se em vista a visão eurocêntrica e cristã que os europeus criaram em torno de si e sobre os outros povos indígenas e africanos que se tornaram objetos de submissão, dominação, exploração e extermínio por eles ao longo de séculos. Por isso, tão importante quanto a questão do "Ser ou não ser" e mais próxima deste projeto é a perspectiva Ubuntu da filosofia africana que aponta que o indivíduo se torna humano em comunidade. A partir dessas duas questões, questionamos como fizera Parmênides de Eleia (2009) sobre o ser e o não ser. Afinal o que somos ou deixamos de ser? O que podemos ser ou deixar de ser? Quais as implicações que o ser ou não ser podem ocasionar em cada situação experimentada pelo ser humano em cada época? A partir das questões filosóficas, sociais, políticas, antropológicas do ser e do não ser suscitadas acima, a análise histórica demonstram que o ser ou não ser quilombola no Brasil tem diversas implicações conforme o tempo histórico em que essas perguntas são suscitadas. Ser ou não ser quilombola no período escravocrata no Brasil tinha uma conotação muito específica que foi transformada ao longo do tempo através da atuação e luta dos movimentos sociais e negros, até que se transformasse em sinônimo de pessoa que se reunião em quilombos que tinha por objetivo organizar, unir, lutar e resistir contra o sistema de exploração escravocrata europeu implantado nas colônias. Apesar de todo esforço, lutas e conquistas das comunidades quilombolas ao longo do tempo, verifica-se que elas ainda encontram diversos desafios para manterem seu espaço de existência livre e comunitário, onde se cultiva o ser, saber e fazer herdado dos ancestrais e antepassados africanos. Essas comunidades vivenciam constantemente o êxodo rural, a perda de suas tradições culturais e religiosas pela implantação de outras culturas, as ameaças aos seus territórios pelos grandes latifundiários com suas monoculturas, dentre outros (Silva, 2012). É nesse contexto que surge esta proposta de projeto de extensão a ser realizado junto às comunidades que integram a Associação Quilombola de Bem Viver de Vila Nova dos Poções, localizadas no município de Janaúba - Minas Gerais, no sentido de compreender seus desafios e dificuldades e contribuir para a solução delas, visando o desenvolvimento e a preservação de suas tradições e de seu modo de ser, saber, fazer, bem como da proteção de seu território como remanescente de quilombo.
Historicamente, as pessoas que viviam nas comunidades quilombolas foram vistas e julgadas sob os critérios morais e jurídicos escravocratas, segundo a qual quem viesse a exercer resistência ao sistema de exploração escravista de trabalho – vida, corpos e produtos do trabalho – e fugisse para quilombos era considerada fugitiva e criminosa (Almeida, 2002) por serem consideradas propriedade privada do colonizador europeu. Concepção que é mantida em diversos dicionários da língua portuguesa, tais como Luft de 1991, Oxford Languages Portugês online. Essas são razões para a invisibilidade das comunidades quilombolas e para considerá-las coisas do passado (Anjos, 2004). Todavia, elas começaram a serem percebidas a partir da sua própria organização, bem como do movimento negro e de intelectuais que passaram a questionar o conceito de comunidades remanescentes de quilombo, concluindo-se que quilombo e quilombola foi “uma das formas de resistência e sobrevivência adotada pela população escravizada de origem africana em diferentes regiões do Brasil [a partir de] um desejo intenso de liberdade.” (Cedefes). Tudo isso ocasionou a consciência sobre: 1) a necessidade de se buscar o reconhecimento do direito à resistência dos povos africanos escravizados no Brasil; 2) a importância de sua organização social, política e econômica em comunidades livres; 3) a condição de comunidades abandonadas pelo Estado após a abolição da escravatura, impulsionando, por sua vez, também a consciência de que essas comunidades são portadoras de direitos à reparação histórica e a titularização de seus territórios. O reflexo desse movimento de luta culmina com a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 que determina que: “Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.” O que somente veio a ser regulamentado em 2001, através do Decreto nº 3.912/2001 que não definia o que são comunidades remanescentes de quilombos e nem estabelecia a autodeclaração como instrumento necessário para instaurar o processo de reconhecimento. Foi por meio do Decreto nº 4.887/2003, que revogou o Decreto nº 3.912/2001, que foram definidos o que é comunidade quilombola e os critérios necessários para a instauração dos processos de reconhecimento delas. O caput do art. 2 do Decreto nº 4.887/2003 fixa que uma comunidade quilombola deve ser reconhecida por ser grupo étnico-racial que se reconhece, em primeiro lugar como tal, fazendo-se prevalecer o princípio africano do “Ubuntu: eu sou porque nós somos” (Monteiro, 2020) a partir da vivência na comunidade quilombola. Além disso, são critérios para seu reconhecimento enquanto comunidade quilombola, a saber: 1) história própria; 2) estar em um território onde viveu e/ou vive essa história, 3) manter os modos de ser, saber e fazer próprios de seus ancestrais; 4) ter oferecido resistência a todo processo de exploração e opressão escravocrata sofrido pelos seus ancestrais. Dados do Censo 2022 promovidos pelo IBGE e divulgados pelo Gov.br revelam que foi realizada investigação inédita acerca dos integrantes dos povos e comunidades tradicionais no Brasil, identificando-se uma população de 1,32 milhões de pessoas declaradas como quilombolas e 473.970 domicílios quilombolas presentes em 1.696 municípios brasileiros, sabendo-se que Bahia, Maranhão e Minas Gerais respectivamente, são os estados com maior número de pessoas declaradas quilombolas. Ainda segundo o Censo 2022, das 5.975 comunidades identificadas, apenas 494 são oficialmente delimitados como território quilombola, sendo que estas últimas “abrigam 203.518 pessoas, sendo 167.202 quilombolas, ou 12,6% do total de quilombolas do país. Apenas 4,3% da população quilombola reside em territórios já titulados no processo de regularização fundiária.” Ainda não foram divulgados dados complementares dessa população, o que justifica também a realização deste projeto de maneira que a universidade aproxime-se das comunidades quilombolas do entorno da UFVJM no Campus Janaúba e que através da interação com elas torne-se possível conhece-las melhor e contribuir para o desenvolvimento delas. O projeto justifica-se também pelo fato de que estudos sobre comunidades quilombolas demonstram que elas enfrentam diversas dificuldades para manter a gestão cultural, ambiental, do desenvolvimento local e o fortalecimento institucional e comunitário que colocam em risco seu ser, fazer e saber. No caso das comunidades que integram a Associação Quilombola de Bem Viver de Vila Nova dos Poções, constam, segundo o seu Plano de Gestão Territorial e Ambiental Quilombola, como desafios para elas a falta da titulação definitiva de seu território, a redução e contaminação dos fluxos de água gerados pela construção de represas em propriedades privadas griladas voltadas para a produção de monocultura, especialmente de banana, a recuperação e preservação das tradições culturais, a geração de renda com a comercialização do excedente da produção, melhoria da gestão de resíduos sólidos, dentre outros. A ausência de ações de apoio a essas comunidades quilombolas colocam em risco o seu modo de ser, saber e fazer e, consequentemente, a possibilidade do território receber a titulação definitiva, isto é, pode ocasionar o próprio fim das comunidades. Neste sentido, cabe evocar o Estatuto da Igualdade Racial - Lei 12.288/2010 quanto aos direitos das comunidades quilombolas à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer, dentre outros, visando “contribuir para o patrimônio cultural de sua comunidade e da sociedade brasileira”. No mesmo Estatuto há determinação quanto ao papel e providências que o poder público em todas as esferas devem tomar quanto aos direitos das comunidades quilombolas, promovendo-se inclusive o apoio às entidades que promovem ações culturais e sociais voltadas para população negra. Ora, a UFVJM – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha é um ente do governo federal e não pode se furtar a cumprir seu papel e nem as determinações do Estatuto da Igualdade Racial, assim como aquilo que se encontra preconizado em seu Estatuto como objetivo institucional, a saber: “preservar, elaborar, desenvolver, cultivar e disseminar o saber em suas várias formas de conhecimento, puro e aplicado”, devendo para isso “gerar desenvolver, disseminar e aplicar o conhecimento por meio do ensino, da pesquisa e da extensão, de forma indissociada entre si e integrados na educação do cidadão, na formação técnico-profissional, na difusão da cultura e na criação filosófica, artística, literária, científica e tecnológica”, contribuindo para o desenvolvimento das regiões de sua área de abrangência e do Brasil. A partir de toda essa exposição resta demonstrada a vinculação da ação dentro da área Educação e sub-área: Cultura, bem como a escolha pela linha de extensão em Patrimônio cultural, histórico, natural e imaterial.
Este projeto tem por objetivo geral promover apoio e contribuir com a proteção e a permanência do território, a recuperação e preservação das tradições e cultura afro-brasileira junto às comunidades quilombolas que integram a Associação Quilombola Bem Viver - Janaúba, Minas Gerais, por meio de ações educativas em diferentes áreas do conhecimento a) Promover a integração de docentes, técnicos administrativos e discentes de diferentes áreas do conhecimento em torno de ações que promovam maior proximidade da UFVJM com as comunidades tradicionais quilombolas; b) Conviver e conhecer os problemas e desafios enfrentados pelas comunidades que integram a Associação citada em diferentes aspectos, em vista a resolução deles a partir da conciliação de seus saberes tradicionais com aqueles produzidos pela universidade; c) Prestar apoio, orientação e capacitação aos agentes dessas comunidades no que tange a elaboração, submissão, gestão e acompanhamento de projetos voltados para a captação de recursos; d) Buscar, em parceria com o poder público, a promoção de ações de cunho social, ambiental, dentre outras, visando a promoção e desenvolvimento da cidadania; e) Dar cumprimento ao que estabelece o Estatuto da UFVJM quanto aos seus objetivos institucionais. f) Promover a análise SWOT (FOFA) e criar, juntamente com a Associação, um plano de ação e de estratégias eficazes para a captação de recursos, fortalecimento institucional e desenvolvimento sustentável das comunidades, bem como para referenciar a elaboração de futuros projetos a UFVJM com a mesma associação.
A partir dos objetivos específicos do projeto, as metas e os resultados esperados no desenvolvimento do do projeto sãos seguintes: a) Tornar a UFVJM conhecida na região de Janaúba, especialmente dentre as comunidades tradicionais e quilombolas; b) Favorecer aos discentes envolvidos no projeto possibilidades de aperfeiçoamento de seus conhecimentos e práticas adquiridos na graduação; c) Contribuir para o processo de conhecimento, respeito e valorização do modo de ser, saber e fazer das comunidades tradicionais e quilombolas ; d) Diagnosticar as dificuldades, fraquezas, ameaças e potencialidades na captação de recursos e desenvolvimento de projeto pela comunidade quilombola. d) Favorecer a captação de recursos financeiros pelas comunidades tradicionais em editais públicos e privados de forma efetiva, preservando assim o modo de vida e costumes dessas comunidades; e) Contribuir com o processo de capacitação da comunidade quilombola através do compartilhamento de saberes das diferentes áreas de formação dos integrantes do projeto, favorecendo a geração de renda respeitando as tradições da comunidade. (f) Integração Multidisciplinar e Proximidade Comunitária, com o estabelecimento de equipes de docentes e técnicos de diversas áreas, como filosofia, engenharia de minas, física, biologia, engenharia elétrica, pedagogos e intérpretes de libras, em ações extensionistas para fortalecer a conexão entre a UFVJM e as comunidades quilombolas da Associação Quilombola Bem Viver. (g) Compreensão dos Desafios Comunitários, com realização de imersões para compreender os desafios culturais, sociais, ambientais, de geração de renda e gestão enfrentados pelas comunidades de Vila Nova dos Poções, integrantes da Associação Quilombola Bem Viver. Buscar soluções, integrando saberes tradicionais com conhecimentos acadêmicos. (h) Cumprimento dos Objetivos Institucionais da UFVJM, contribuindo para a missão da universidade e promovendo o seu papel como agente de transformação social. i) Gerar conteúdo que auxilie na criação de conhecimento científico que beneficie a Associação Quilombola Bem Viver, a UFVJM e outras comunidades que enfrentam problemas similares. j) contribuir para a integração das comunidades que integram a Associação Quilombola de Bem Viver com outras comunidades quilombolas. A partir dessas metas, espera-se obter os seguintes indicadores numéricos? 1 - Desenvolver uma ferramenta de coleta de informações para a análise SWOT acerca da gestão e capacidade de captação de recursos da Associação Quilombola Bem Viver. 2 - Elaborar e analisar a matriz SWOT da Associação Quilombola Bem Viver. 3 - Fazer no mínimo 7 (sete) visitas às comunidades quilombolas de Vila Nova dos Poções para aproximação e levantamento de dados; 4 - Realizar no mínimo 8 (oito) visitas às comunidades para a oferta de capacitações, orientações e contribuições; 5 - Oferecer pelo menos 3 cursos de capacitação em diferentes áreas - público entre 10 e 12 lideranças das comunidades; 6 - Contribuir com a elaboração e submissão de pelo menos 3 projetos em diferentes áreas para captação de recursos em editais; 7 - Cadastrar a Associação Quilombola de Bem Viver de Vila Nova dos Poções em pelo menos 2 plataformas de acesso a políticas públicas, principalmente relativas a cultura.
Para Gil, “tanto a pesquisa-ação quanto a pesquisa participante se caracterizam pelo envolvimento dos pesquisadores e dos pesquisados no processo de pesquisa. Neste sentido distanciam-se dos princípios da pesquisa científica acadêmica. A objetividade da pesquisa empírica clássica não é observada.” (GIL, 2008, p. 30) Os princípios da pesquisa participante e da pesquisa ação serão adotados em vista a aproximação e interação com as comunidades tradicionais quilombolas, visando a compreensão de seu modo de ser, fazer, saber. A relação entre ensino, pesquisa e extensão - os docentes envolvidos na ação ministram disciplinas nos cursos de graduação ou desenvolvem ações de ensino relacionadas às questões étnicas, raciais e culturais de modo direto ou transversal. Os discentes envolvidos também cursam ou já cursaram disciplinas relacionadas às questões étnicas, raciais e culturais e/ou participam de grupos de estudos ou atuam na IC. A partir dos conhecimentos já adquiridos, a equipe executora terá a oportunidade de vincular e discutir seus conhecimentos com aquilo que ocorre na vida concreta das comunidades quilombolas, da mesma forma que poderão visualizar temas de pesquisas e/ou outras ações de extensão futuras. Em primeiro lugar, buscar-se-á conhecer as comunidades quilombolas à luz dos saberes adquiridos na universidade visando compreender seu histórico através de levantamento de dados sobre a população, suas atividades, realidade social e econômica, dentre outras. Em seguida, os resultados anteriores subsidiarão a elaboração a análise SWOT, visando diagnosticar os pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças que envolvem a Associação Quilombola. Esse tipo de instrumento orienta estratégias que maximizam recursos, exploram oportunidades externas e enfrentam desafios de forma eficaz (DAVID, 2011; AHLSTRAND, LAMPEL, MINTZBERG, 2001; ANDREWS, 1980). Conhecida essa realidade, a equipe de extensionistas apontará para a comunidade como poderá contribuir e desenvolver ações concretas para que possam fortalecer, proteger e desenvolver seu território. Portanto, todas as atividades da equipe junto a comunidade serão realizadas de modo dialógico com a comunidade, de maneira que a preparação, execução e avaliação de cada ação com a comunidade terá sua eficácia verificada a partir do retorno avaliativo da própria comunidade que trará suas contribuições e críticas, de maneira que se promova o respeito aos seus valores, costumes e tradições. A partir da avaliação da comunidade a equipe de execução promoverá a discussão dos pontos positivos e negativos, revisando e aperfeiçoando as ações e mecanismos de atuação extensionista de acordo com as especificidades de cada membro da equipe. Quanto aos aspectos éticos, o projeto será realizado com a anuência da Associação Quilombola Viver Bem, podendo ser interrompido a qualquer momento a partir do interesse da beneficiária. Resguardar-se-á também a intimidade, dados pessoais e comunitários da beneficiária das ações de extensão, inclusive aquelas que ela considerar sigilosa do ponto de vista cultural, social, administrativo, religioso, dentre outras que ela compreender ser objeto de preservação e sigilo. O presente projeto também complementado com os requisitos exigidos para à submissão, apreciação e avaliação pela Comissão de Ética em Pesquisa da UFVJM, bem como ao SisGen.
Almeida, Alfredo Wagner Berno de. Os Quilombos e as novas etnias. In: Quilombos: identidade étnica e territorialidade. O´Dwyer, Eliane Cantarino (org). Rio de Janeiro: Editora FGV, 2002. Andrews, Kenneth Richmond. The concept of corporate strategy. 1980. Ahlstrand,, Bruce; Lampel, Joseph; Mintzberg, Henry. Strategy safari: A guided tour through the wilds of strategic mangament. Simon and Schuster, 2001. Anjos, Rafael Sanzio Araújo dos Anjos. Cartografia e Cultura: territórios dos remanescentes de quilombos no Brasil. VIII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais. Coimbra 16, 17 e 18 de setembro de 2004. Associação Quilombola de Bem Viver de Vila Nova dos Poções. PGTAQ - Plano de gestão territorial, ambiental quilombola da Comunidade Quilombola de Bem Viver de Vila Nova dos Poções. Barbosa, Francisco A, Pereira, Manuel da Cunha. Novo minidicionário Luft. São Paulo: Ática/Scipione, 1991. Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em 18 out. 2023. Brasil. Decreto 4.887 de 20 de novembro de 2003: regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos de que trata o art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2003/d4887.htm . Acesso em 18 out. 2023. Brasil. Decreto nº 3.912 de 10 de setembro de 2001: regulamenta as disposições relativas ao processo administrativo para identificação dos remanescentes das comunidades dos quilombos e para o reconhecimento, a delimitação, a demarcação, a titulação e o registro imobiliário das terras por eles ocupadas. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2001/D3912.htm . Acesso em 18 out 2023. Brasil. Lei nº 12.288 de 20 de julho de 2010: Institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera as Leis nos 7.716, de 5 de janeiro de 1989, 9.029, de 13 de abril de 1995, 7.347, de 24 de julho de 1985, e 10.778, de 24 de novembro de 2003. Disponível em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12288.htm. Acesso em 19 de out 2023. Cedefes. Comunidades quilombolas em Minas Gerais. Disponível em https://www.cedefes.org.br/quilombolas-destaque/. Acesso em 18 out. 2023. David, Fred R. Strategic management concepts and cases. Pearson, 2011. Dicio. Dicio online de Português. Disponível em https://www.dicio.com.br/. Acesso em 18 out. 2023. Oxford University Press. Oxford Languages Português. Disponível em https://languages.oup.com/google-dictionary-pt/. Acesso em 18 out. 2023. Gil, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. Gov. Censo 2022: População quilombola é de 1,3 milhão, indica recorte inédito do censo. Disponível em https://www.gov.br/pt-br/noticias/assistencia-social/2023/07/populacao-quilombola-e-de-1-3-milhao-indica-recorte-inedito-do-censo. Acesso em 19 out 2023. Monteiro, Ivan Luiz. Introdução ao pensamento filosófico africano. Curitiba: Intersaberes, 2020. Parmênides. Da natureza. Edição bilíngue. Tradução e comentário de José Trindade Santos. São Paulo: Loyola, 2009. Shakespeare, William. Hamleat. São Paulo: Penguin/ Companhia das Letras, 2015. Silva, Eva Aparecida da. Territórios Quilombolas no Vale do Mucuri: As comunidades remanescentes de quilombo de Teófilo Otoni/MG. https://periodicos.pucminas.br/index.php/revistaich/article/view/6246/5739. Acesso em 30 out. 2023. UFVJM. Projeto Pedagógico do Curso de Ciência e Tecnologia. Disponível em http://www.ufvjm.edu.br/cursos/quimica/documentos/doc_view/91-.html . Acesso em 23 out 2023.
Este projeto encontra-se vinculado ao Programa de extensão 202104000061 – Conhecendo a UFVJM - Campus Janaúba que se propõe a promover a universidade conhecida pelas escolas e a comunidade em geral de diferentes maneiras, principalmente promovendo a visita em comunidades e escolas para a apresentação da instituição a partir do que é realizado nela, assim como recebendo a visita dos estudantes no campus com o mesmo objetivo. A equipe desse programa é composta por professores, técnicos administrativos de diversas áreas do conhecimento e por discentes de diferentes cursos. Parte da equipe do programa mencionado comporá o grupo que atuará nesse projeto junto às comunidades quilombolas, de maneira que já existe uma integração entre seus membros. A atuação de modo mais constante nas comunidades quilombolas pode constituir em uma importante ferramenta para a inserção do discente e da universidade na comunidade externa, permitindo-nos conhecer de modo mais próximo os problemas, desafios, potencialidades delas e contribuir para o desenvolvimento delas. Encontra-se presente na grade curricular dos cursos de graduação em Ciência e Tecnologia e Engenharias do IECT diversas unidades curriculares do eixo Comunicação, Linguagens, Informação e Humanidades que, segundo o PPC do Bacharelado em Ciência e Tecnologia: “introduz o estudante na compreensão do universo da linguagem da informação, seus conceitos e de procedimentos e contribui para o conhecimento dos processos sociais, sob os aspectos econômicos, políticos, filosóficos e científicos, de modo que o estudante situe-se e se insira como agente atuante em seu contexto.” Enquanto futuros profissionais da engenharia, os discentes que compõem a equipe de extensionistas buscarão conhecer as comunidades e as suas respectivas propostas de ação dando cumprimento ao que estabelece o Projeto Pedagógico do Curso. Conhecidas as comunidades e seus propósitos, os discentes extensionistas, juntamente com os professores e técnicos administrativos, apontarão quais serão as contribuições práticas que podem oferecer para as comunidades, interagindo com ela durante o processo de preparação, execução e avaliação de cada ação. Nesse sentido, em primeiro lugar, os discentes atuarão no projeto acompanhando as reuniões com a comunidade e com a aplicação de instrumentos de coleta e a tabulação de dados que permitam conhecer a comunidade. Também poderão, sob a orientação de professores e técnicos administrativos, propor e ofertar cursos, orientações práticas e teóricas, dinâmicas, dentre outras ações, a partir de seus conhecimentos. Também poderão atuar como monitores e apoio para as ações propostas pelos professores e técnicos administrativos que integram a equipe. A participação dos discentes será acompanhada e avaliada de modo contínuo a partir do seu envolvimento e participação efetiva nas ações propostas e desenvolvidas. Para tanto, será requerida a frequência de, pelo menos, 75% nas atividades. A participação do discente também será acompanhada e avaliada a partir da observação da sua pró-atividade durante o desenvolvimento do projeto. A partir desses critérios, o discente será orientado sempre que necessário sobre a importância da frequência, do envolvimento e pró-atividade efetiva no desenvolvimento do projeto, apontando-se os elementos que merecem adequações e valorização de modo continuado. A formação acadêmica dos estudantes será fortalecida pela oportunidade de aperfeiçoamento de seus conhecimentos e práticas adquiridos na graduação e em seus respectivos grupos de estudos ou de atuação. Especificamente, podemos apontar como impacto para a experiência de cidadania dos discentes a ampliação e enriquecimento da noção de comunidades tradicionais e quilombolas, aspectos étnicos-raciais, história e cultura afro-brasileira, principalmente pelo fato de que a Cultura é um direito humano assegurado na Declaração Universal dos Direitos Humanos e em diversas legislações brasileiras. Profissionalmente, a ação contribuirá para o aprimoramento na elaboração, desenvolvimento e acompanhamento de projetos de diferentes naturezas, bem como acerca das maneiras de se promover a aproximação e diálogo com comunidades tradicionais visando contribuir com elas.
Este projeto encontra-se vinculado ao Programa de extensão 202104000061 – Conhecendo a UFVJM - Campus Janaúba que se propõe a promover a universidade conhecida pelas escolas e a comunidade em geral de diferentes maneiras, principalmente promovendo a visita em comunidades e escolas para a apresentação da instituição a partir do que é realizado nela, assim como recebendo a visita dos estudantes no campus com o mesmo objetivo. A equipe desse programa é composta por professores, técnicos administrativos de diversas áreas do conhecimento e por discentes de diferentes cursos. Parte da equipe do programa mencionado comporá o grupo que atuará nesse projeto junto às comunidades quilombolas, de maneira que já existe uma integração entre seus membros. A atuação de modo mais constante nas comunidades quilombolas pode constituir em uma importante ferramenta para a inserção do discente e da universidade na comunidade externa, permitindo-nos conhecer de modo mais próximo os problemas, desafios, potencialidades delas e contribuir para o desenvolvimento delas. Encontra-se presente na grade curricular dos cursos de graduação em Ciência e Tecnologia e Engenharias do IECT diversas unidades curriculares do eixo Comunicação, Linguagens, Informação e Humanidades que, segundo o PPC do Bacharelado em Ciência e Tecnologia: “introduz o estudante na compreensão do universo da linguagem da informação, seus conceitos e de procedimentos e contribui para o conhecimento dos processos sociais, sob os aspectos econômicos, políticos, filosóficos e científicos, de modo que o estudante situe-se e se insira como agente atuante em seu contexto.” Enquanto futuros profissionais da engenharia, os discentes que compõem a equipe de extensionistas buscarão conhecer as comunidades e as suas respectivas propostas de ação dando cumprimento ao que estabelece o Projeto Pedagógico do Curso. Conhecidas as comunidades e seus propósitos, os discentes extensionistas, juntamente com os professores e técnicos administrativos, apontarão quais serão as contribuições práticas que podem oferecer para as comunidades, interagindo com ela durante o processo de preparação, execução e avaliação de cada ação. Nesse sentido, em primeiro lugar, os discentes atuarão no projeto acompanhando as reuniões com a comunidade e com a aplicação de instrumentos de coleta e a tabulação de dados que permitam conhecer a comunidade. Também poderão, sob a orientação de professores e técnicos administrativos, propor e ofertar cursos, orientações práticas e teóricas, dinâmicas, dentre outras ações, a partir de seus conhecimentos. Também poderão atuar como monitores e apoio para as ações propostas pelos professores e técnicos administrativos que integram a equipe. A participação dos discentes será acompanhada e avaliada de modo contínuo a partir do seu envolvimento e participação efetiva nas ações propostas e desenvolvidas. Para tanto, será requerida a frequência de, pelo menos, 75% nas atividades. A participação do discente também será acompanhada e avaliada a partir da observação da sua pró-atividade durante o desenvolvimento do projeto. A partir desses critérios, o discente será orientado sempre que necessário sobre a importância da frequência, do envolvimento e pró-atividade efetiva no desenvolvimento do projeto, apontando-se os elementos que merecem adequações e valorização de modo continuado. A formação acadêmica dos estudantes será fortalecida pela oportunidade de aperfeiçoamento de seus conhecimentos e práticas adquiridos na graduação e em seus respectivos grupos de estudos ou de atuação. Especificamente, podemos apontar como impacto para a experiência de cidadania dos discentes a ampliação e enriquecimento da noção de comunidades tradicionais e quilombolas, aspectos étnicos-raciais, história e cultura afro-brasileira, principalmente pelo fato de que a Cultura é um direito humano assegurado na Declaração Universal dos Direitos Humanos e em diversas legislações brasileiras. Profissionalmente, a ação contribuirá para o aprimoramento na elaboração, desenvolvimento e acompanhamento de projetos de diferentes naturezas, bem como acerca das maneiras de se promover a aproximação e diálogo com comunidades tradicionais visando contribuir com elas.
Público-alvo
O projeto terá como impacto indireto as 6 (seis) comunidades quilombolas - Vila Nova dos Poções, Jacarezinho, Monte Alto, Lagoa Grande, Pajeú e Mundo Novo - que possuem cerca de 841 (oitocentos e quarenta e uma) que integram direta ou indiretamente a Associação Quilombola Bem Viver, por meio da captação de recursos e/ou da captação de projetos para o desenvolvimento da comunidade em diferentes aspectos, tais como culturais, sociais, ambientais e de gestão, geração de renda, dentre outros.
A Associação Quilombola de Bem Viver de Vila Nova dos Poções será a beneficiária direta da ação de extensão proposta. Ela é uma organização social, com personalidade jurídica própria, que reúne representantes das diferentes comunidades quilombolas de Vila Nova dos Poções - Vila Nova dos Poções, Jacarezinho, Monte Alto, Lagoa Grande, Pajeú e Mundo Novo. De um modo geral, é a associação quem estabelece a vinculação e articulação das comunidades para fins de reconhecimento do território como quilombola, assim como é a instituição que promove ações voltadas para o bem estar das famílias de cada comunidade em seu conjunto.
O projeto prevê a participação de 5 alunos, 13 docentes e 2 técnico-administrativos da UFVJM, campus Janaúba e do Campus do Mucuri, com o intuito de proporcionar a convivência e o conhecimento dos problemas e desafios enfrentados pelas comunidades que integram a Associação Quilombola de Bem Viver de Vila Nova dos Poções nos aspectos culturais, sociais, ambientais e de gestão, geração de renda, dentre outros em vista do estabelecimento de formas de resolvê-los a partir dos seus saberes tradicionais conciliados com os conhecimentos produzidos pelos diferentes integrantes da equipe proponente do projeto;
Também serão público alvo direto do projeto as lideranças e agentes comunitários das comunidades Vila Nova dos Poções, Jacarezinho, Monte Alto, Lagoa Grande, Pajeú Mundo Novo que atuarão como disseminadoras dos aprendizados oferecidos pela UFVJM em diferentes áreas e setores do conhecimento.
Municípios Atendidos
Janaúba
Parcerias
A parceria com a Associação Quilombola de Bem Viver de Vila Nova de Poções, localizada no município de Janaúba - Minas Gerais, é fundamental para o desenvolvimento da ação extensionista junto às comunidades quilombolas do município de Janaúba, na medida em que ela será a mediadora entre a equipe de extensão da UFVJM - Campus Janaúba - com as lideranças e membros de cada comunidade daquele território. Assim como a parceria se dará pela oferta e disponibilização de local, ferramentas, mobilização do público alvo para a participação das atividades constantes no cronograma e nos objetivos deste projeto de extensão.
Cronograma de Atividades
Realização de encontros multidisciplinares entre docentes de diferentes áreas (filosofia, engenharia de minas, físicos, biólogos, engenharia elétrica), técnico-administrativos (pedagogos e intérprete de libras) e estudantes, com o intuito de estabelecer vínculos e parcerias com as comunidades tradicionais e quilombolas da Associação Quilombola Bem Viver.
Realizar visitas e vivências nas comunidades para compreender e levantar dados acerca dos desafios enfrentados no que tange os aspectos culturais, sociais, ambientais, de geração de renda e de gestão, dentre outros, de forma a estabelecer, através do diálogo e participação dos membros das comunidades, as ações que serão implementadas pela equipe de extensionistas.
Oferecer apoio para os agentes das comunidades, visando capacitar na elaboração, submissão, gestão e acompanhamento de projetos voltados para a captação de recursos destinados às comunidades tradicionais e quilombolas. Também serão oferecidas outros tipos de capacitação a partir das demandas da comunidade apresentadas por ela durante a fase de diagnóstico.
Reuniões da avaliação das atividades realizadas e planejamento das ações em conjunto com as comunidades beneficiárias da ação de extensão
Elaboração do relatório final da ação a partir das avaliações feitas pela equipe de extensão e pelas comunidades pelo projeto.
Elaboração e aplicação de um instrumento de coleta de dados, visando coletar os pontos fortes e fracos, ameaças e oportunidades, acerca da gestão e captação de recursos pela associação. Montagem e análise da matriz SWOT. Elaboração de relatório e entrega a comunidade. Nessa etapa inclui-se pesquisa bibliográfica para a elaboração de matriz SWOT para comunidade quilombolas.