O projeto objetiva promover encontros de mentoria estudantil nos quais estudantes universitários irão oferecer suporte a adolescentes e jovens para fomentar o ingresso, a afiliação universitária e a aprendizagem de habilidades técnicas. Além dos encontros entre mentores e mentorados, serão realizados eventos abertos ao público em geral com vistas a aprofundar e divulgar contribuições dessa estratégia no ensino superior.

Ingresso no ensino superior, mentoria estudantil, afiliação universitária

A pandemia de COVID-19 se tornou moduladora da convivência social e da saúde mental a partir de uma série de medidas de reformulação no âmbito da saúde pública, como o distanciamento social (WILCHA, 2020). Como efeito da necessidade de isolamento, a educação superior foi afetada a princípio pela suspensão das aulas presenciais, seguida pela adoção do ensino remoto emergencial e posteriormente pelo retorno às atividades presenciais. Todo esse processo foi acompanhado por aumento da evasão de estudantes universitários, diminuição do número de concluintes e ingressantes nas universidades públicas brasileiras (PALHARES, 2022). Além disso, enquanto estudos já vinham documentando alta prevalência de sofrimento psíquico entre os estudantes do ensino superior (GRANER; CERQUEIRA, 2019), esses números se tornaram ainda mais preocupantes durante a pandemia. Uma pesquisa global realizada em 2020 com 30.383 estudantes universitários de 62 países identificou que os estudantes brasileiros foram os que relataram os mais altos níveis de ansiedade (ARISTOVNIK et al. 2020). Como resposta a tais desafios impetrados pela pandemia, programas virtuais de mentoria estudantil emergiram como estratégia fecunda. Trata-se de um tipo de relação entre estudantes na qual um mais avançado (mentor) auxilia o iniciante (mentorado) no seu desenvolvimento (SOUZA; REATO; BELLODI, 2020). No ensino médico, a partir da suspensão das atividades presenciais, muitas escolas recorreram a essa ferramenta para fomentar a formação pessoal, acadêmica e profissional dos estudantes envolvidos, especialmente de calouros (MARTINS et al., 2021). Pesquisas vêm documentando que a mentoria estudantil no ensino remoto tanto promoveu a saúde mental dos estudantes, quanto potencializou a aprendizagem de habilidades de comunicação – tão necessárias na prática clínica – num momento em que estava dificultado o acesso aos cenários de prática (FRANZOI; LEITE, 2022). Somando-se a este movimento, desde 2021, vêm sendo realizadas Jornadas de Mentoria entre Pares na Faculdade de Medicina do Campus JK da UFVJM. Uma das propostas de sua quarta edição, em 2022, foi divulgar os processos de ingresso na universidade pública e estimular que adolescentes e jovens da região conheçam a UFVJM e percebam que o ensino superior público é uma possibilidade aberta a todos. Essa abertura à comunidade externa se consolidou em 2023, quando o Projeto de Mentoria Estudantil teve início. O projeto ora proposto pretende dar continuidade aos ciclos de mentoria com foco no ingresso e afiliação universitária. De um lado, quer-se aprofundar a relação dialógica com estudantes do ensino médio dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, com vistas a seguir divulgando formas de ingresso e estratégias de estudo e permanência na universidade. De outro, espera-se promover articulação de discentes, docentes e técnicos-administrativos de modo que discussões sobre a mentoria estudantil alcancem outras unidades acadêmicas da UFVJM e o público externo. O projeto tem como intuito contribuir para a formação acadêmica, profissional e pessoal dos participantes envolvidos, sobretudo os graduandos de diferentes áreas do conhecimento. Haverá integração com o ensino da graduação do curso de medicina, no módulo Desenvolvimento Pessoal III. Como metas, espera-se a participação de ao menos 5 mentores e 10 mentorados a cada ciclo de mentoria.

Observando as diretrizes do Regulamento de Ações de Extensão da UFVJM, este projeto se insere nas áreas temáticas 4 – Educação e 6 – Saúde, pois além de ter como público-alvo preferencial estudantes do ensino médio, também se propõe a promover a saúde mental de todos os envolvidos. Vincula-se às linhas de extensão 27 - Infância e Adolescência (por ocupar- se da divulgação de direitos como o acesso ao ensino superior público) e 46 – Saúde Humana (por seu potencial para contribuir para a promoção da saúde mental e a formação humanizada de pessoas que atuarão na área). Somados aos efeitos da pandemia, ainda evidente na vida social, é sabido que a transição para a vida universitária acarreta em uma alta carga de estresse para o estudante, e o uso da mentoria estudantil parece ser útil na redução deste estresse (AKINLA 2018). De fato, existe entre os jovens que pretendem ingressar na universidade e aqueles recém iniciados na atividade dúvidas quanto a seu papel no meio que o cerca e sobre qual seria o melhor modo de proceder. Tal sentimento os leva a uma maior propensão a buscar relações de mentoria da qual parecem se beneficiar (AKINLA 2018). A vida universitária altera significativamente a qualidade de vida dos estudantes, por meio da pressão exercida pela vida acadêmica, fazendo com que os estudantes fiquem altamente susceptíveis a transtornos emocionais (SOUSA et al., 2021). De acordo com Souza, Reato e Bellodi (2020), um ambiente como o proposto na mentoria entre pares tem o potencial de ser um fator protetor da saúde mental promovendo uma experiência de suporte social, emocional e acadêmico. Ainda segundo as autoras, a mentoria estudantil também é importante para os veteranos que atuam como mentores. Visto que eles aprimoram habilidades como ensino, autorreflexão, liderança, comunicação e habilidades afetivas, como autoconfiança e paciência. Além dessas habilidades, o estudo citado também mostra benefícios emocionais fruto da amizade construída com os mentorados. Os benefícios da mentoria são assim descritos por Garmel (2004, p. 2): “A mentoria é um processo perspicaz em que a sabedoria do mentor é adquirida e modificada conforme necessário, bem como um processo de apoio e muitas vezes de proteção. A relação mentor- pupilo bem-sucedida, portanto, requer a participação ativa de ambas partes. A relação de mentoria pode ser estruturada ou frouxa. Pode ser um processo relativamente curto ou contínuo. Pode haver rupturas na relação, com o seu restabelecimento em algum momento futuro. A relação de mentoria é dinâmica, evoluindo ao longo do tempo, durante o qual ambas as partes continuamente definem e redefinem seus papéis. Deve ser considerado um processo, não um resultado final, e o relacionamento deve permanecer não competitivo”. Em análise da experiência vivenciada por discentes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), cuja aplicação da mentoria estudantil vem se consolidando há mais de 20 anos (FIDELIS; RIBEIRO; ROCHA, 2021), evidencia-se que essa estratégia constituiu na universidade um ambiente de diálogo acolhedor, além de proporcionar a possibilidade de discussões que vão além da formação universitária, abrangendo temas como o cotidiano e os desafios da profissão sob diferentes perspectivas (ALCÂNTARA et al, 2021). Ainda sobre a experiência desta universidade, verifica-se a possibilidade de expansão desses grupos em diferentes Instituições de Ensino Superior, como no caso do Grupo de Estudos em Didáticas aplicadas ao aprendizado da medicina, grupo de mentoria entre pares criado em 2013 na UFMG e que hoje é aplicado em várias universidades (ACHERMAN et al, 2021). Como sinalizado na introdução, a partir da reflexão sobre os potenciais da mentoria estudantil na vida universitária e como forma de responder aos desafios que o ensino remoto trouxe à formação dos graduandos, em fevereiro de 2021, foi criado o Projeto de Mentoria entre Pares da Faculdade de Medicina do Campus JK da UFVJM. Construído coletivamente entre docentes e discentes, o projeto integra ensino, pesquisa e extensão ao: fomentar a realização de Jornadas de Mentoria para suporte de aprendizagem de habilidades técnicas e afiliação universitária; avaliar a percepção dos participantes das ações de mentoria por meio pesquisa registrada na Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação e aprovada pelo Comitê de Ética da UFVJM; discutir contribuições dessa estratégia em eventos aberto ao público com participação de projetos de mentoria de outras universidades brasileiras. Nas 3 edições realizadas em 2021, as Jornadas contaram com um total de 131 participantes, entre mentores e mentorados. A I e III Jornadas buscaram promover interação pessoal, apresentação e discussão de casos clínicos, treinamento de anamnese e compartilhamento de experiências do cenário acadêmico-profissional. A II Jornada teve como foco a transição para o mercado de trabalho, os desafios e aprendizados do início da carreira, e contou com a participação também de egressos do curso. Na pesquisa em andamento, todos os mentorados são convidados a responder a questionários antes do início do ciclo de mentoria e após seu término. Os mentores respondem a um questionário no final. Os dados vêm sendo analisados e resultados parciais foram apresentados em 3 eventos científicos, sendo que um dos trabalhos recebeu menção honrosa na categoria pôster. Dentre as ações de extensão, já foram organizados 3 eventos online abertos ao público em geral, com palestrantes integrantes de projetos de mentoria de outras duas universidades públicas e transmissão simultânea no youtube. Em 2022, ao longo de todo o ano, foi realizada a IV Jornada, com foco na afiliação universitária por meio do acompanhamento de discentes dos primeiros períodos. Os mentores buscaram reforçar o caráter extensionista do projeto ao planejar eventos para divulgar os processos de ingresso na universidade pública e estimular que adolescentes e jovens da região conheçam a UFVJM e percebam que o ensino superior público é uma possibilidade aberta a todos. Tal passo se constitui como um amadurecimento do projeto que justificou sua submissão ao Edital Pibex 2023 da UFVJM, com a denominação de Jornadas de Mentoria Estudantil. Ao extrapolar os muros da universidade, vimos a comunidade universitária articulando-se à comunidade externa por meio de trocas dialógicas, especialmente com adolescentes e jovens da região. No início do ano, foi criado um grupo em aplicativo de troca de mensagens instantâneas, contando com mais de 30 estudantes do Vale do Jequitinhonha (especialmente de Diamantina, Turmalina, Angelândia e Datas), aos quais foi oferecido suporte para inscrições no SISU (Sistema de Seleção Unificada), PROUNI (Programa Universidade para Todos) e FIES (Fundo de Financiamento Estudantil). Nas redes sociais do projeto, foi disponibilizado material para estudo e dicas para preparação para o ENEM e Processos de Avaliação Seriada (com foco no SASI da UFVJM). Na instituição parceira Vila Educacional de Meninas – VEM, são realizados encontros semanais com adolescentes em situação de vulnerabilidade social que almejam ingressar no ensino superior. Os resultados indicam que tem sido possível contribuir para a superação de entraves ao ingresso e permanência no ensino superior por meio do intercâmbio de conhecimentos e, especialmente, da disponibilidade dos universitários em serem companhia na travessia rumo à universidade e de se abrirem para aprender com pessoas que podem ter experiências de vida muito diversas das suas. Nascido no seio da Famed/UFVJM, o projeto é aberto a discentes, docentes e técnicos- administrativos de outras unidades acadêmicas, que poderão integrar a equipe de execução, participar como mentores ou mentorados e/ou dos eventos que serão realizados. A interdisciplinaridade e interprofissionalidade já se encontra em curso graças à parceria estabelecida desde 2021 com o Projeto de Mentoria Estudantil em Enfermagem da Universidade de Brasília – UnB, e espera-se ampliar o diálogo e as trocas tanto com integrantes de outros cursos quanto de outras universidades. A expectativa é também dar continuidade à pesquisa ora em curso, adaptando-a ao novo público-alvo da ação, e à integração com o ensino de habilidades de comunicação.

- Promover encontros de mentoria estudantil como vistas a favorecer processos de ingresso, permanência e conclusão do ensino superior. - Promover intercâmbio de saberes com a comunidade externa por meio postagens em redes sociais e encontros virtuais.

Previsão de impacto direto: - Difusão de informação de qualidade sobre processos de ingresso, permanência e conclusão do ensino superior. - Formação humana e técnica dos mentorados, ampliando seus recursos para ingresso e permanência no ensino superior. - Formação humana e interpessoal dos mentores. Previsão de impacto indireto - Estímulo a novas formas de articulação entre a universidade e a comunidade externa - Estímulo à criação de outros projetos de mentoria estudantil na UFVJM e em outras instituições de ensino; - Fomentar relações comunitárias entre os participantes Indicadores: - Realização de ao menos 2 ciclos de mentoria estudantil ao longo de 12 meses. - Participação de ao menos 5 mentores e 10 mentorados a cada ciclo de mentoria. - Criação de ao menos 1 grupo em aplicativo de troca de mensagens instantâneas para oferta de suporte nos processos de inscrição do SISU, PROUNI e FIES. - Publicação de ao menos 10 posts com informações e dicas sobre ingresso e permanência no ensino superior. - Realização de ao menos 2 eventos virtuais de formação para o desenvolvimento de atividades de mentoria estudantil, com ao menos 20 participantes em cada. - Registro das avaliações dos participantes sobre os ciclos de mentoria para pesquisas em andamento sobre o tema.

A metodologia do projeto incluirá duas frentes de trabalho, que ocorrerão simultaneamente ao longo dos meses de execução. Na primeira frente, serão realizados encontros de mentoria estudantil nos quais estudantes universitários irão oferecer suporte a adolescentes e jovens para fomentar o ingresso, a afiliação universitária e a aprendizagem de habilidades técnicas. Para tanto, haverá no início de cada semestre, seleção de graduandos (de quaisquer cursos da UFVJM) interessados em atuar como mentores e formação inicial dos mesmos sobre a mentoria estudantil. Tal formação será mediada tanto pela coordenadora do projeto quanto pelos discentes já envolvidos nas jornadas de mentoria realizadas em 2021 e 2022. Além da oferta da mentoria às adolescentes vinculadas à instituição parceira, serão realizadas visitas em instituições educacionais da cidade de Diamantina, com vistas a favorecer encontros com possíveis mentorados, bem como serão realizadas divulgações no perfil do instagram do projeto. Pelo menos uma das visitas será realizada de modo integrado ao módulo “Desenvolvimento Pessoal III: Psicologia do Desenvolvimento” do curso de medicina da FAMED. No referido módulo, ao estudar cada etapa do desenvolvimento, são feitas visitas a instituições (escolas, ONGs, asilo) para promover interações com pessoas naquela faixa etária. Na visita para interação com adolescentes, os graduandos serão convidados a atuarem naquele momento como mentores, numa adaptação do chamado “mentoring one shot” (FRANZOI, LEITE, 2022). A proposta será transformar aquele encontro único numa oportunidade de trocas entre os estudantes, aprendendo com os adolescentes sobre suas experiências e repassando a eles informações e experiências sobre o ingresso e a permanência na universidade. Nesta e em outras visitas a instituições educacionais o projeto será explicado aos adolescentes e jovens e será entregue material informativo com o contato da coordenação. Aqueles que tiverem interesse em serem mentorados irão preencher um formulário específico. Os menores de 18 anos receberão um documento escrito com informações detalhadas do projeto, contato da coordenação e, caso desejem participar, deverão anexar no formulário de inscrição carta de anuência assinada pelos responsáveis legais. As mentorias estudantis poderão se constituir por meio de trocas periódicas entre mentor e mentorado (virtuais ou presenciais), ou também em encontros únicos. O foco será o acompanhamento dos mentorados em processos de ingresso, afiliação universitária e aprendizagem de habilidades técnicas. Caso haja demanda e disponibilidade dos mentores, a mentoria poderá incluir treinamento de técnicas de estudo, atividades de reforço escolar, correção de redação e outras estratégias de aprimoramento para os exames de seleção para ingresso no ensino superior (avaliações seriadas ou ENEM). Também poderá incluir trocas de informações sobre vivências na universidade ou mesmo sobre questões desafiadoras da etapa de desenvolvimento vivenciada pelos mentorados. Além de ser voltada a adolescentes e jovens que ainda não ingressaram na universidade, caso haja número suficiente de mentores, haverá a possibilidade de abrir vagas para mentorados que já se encontram no ensino superior (da UFVJM ou de outras universidades). Na segunda frente de trabalho, serão realizadas publicações em redes sociais e eventos abertos ao público em geral com vistas a aprofundar e divulgar contribuições dessa estratégia no ensino superior. Os temas serão definidos a partir do intercâmbio de saberes, expectativas, dúvidas e experiências com os mentores e mentorados que irão participar do projeto em 2024. Como planejamento inicial, espera-se que os eventos contem com palestras e mesas redondas sobre temas pertinentes à mentoria estudantil, com apresentação de seu histórico e pesquisas recentes sobre sua efetividade. Prevê-se ainda a participação de egressos dos cursos de graduação da UFVJM. Sistemática de acompanhamento: Ao longo do desenvolvimento do projeto, a equipe (bolsistas e mentores voluntários) será capacitada por meio de encontros de supervisão quinzenais. Nestes encontros, além das trocas com a coordenação, haverá interação entre profissionais egressos da UFVJM ou outras universidades, estudantes de períodos mais avançados e alunos dos períodos iniciais, buscando compartilhar experiências do cenário acadêmico-profissional entre pares, fornecer orientação para estudantes mentorados, promover suporte para otimizar o desenvolvimento destes estudantes e criar um ambiente seguro e acolhedor para que os pares dividam experiências, sentimentos, expectativas. As ações serão acompanhadas por meio questionários em que os participantes responderão sobre suas percepções sobre a efetividade da mentoria e indicarão suas sugestões para melhoria da metodologia, bem como por meio de autoavaliação constante da equipe de organização. Indicadores de avaliação: Os indicadores da avaliação são os seguintes: metas alcançadas; respostas dos questionários preenchidos pelos participantes; auto-avaliação dos membros do projeto; reflexão sobre perspectivas futuras da ação realizada. Questões éticas Este projeto, em conformidade com as diretrizes da Resolução n. 466/12 do Conselho Nacional de Sáude, reconhece a pessoa em seu valor intrínseco e inalienável, e reafirma seus saberes e recursos. Todos os mentores receberão formação inicial e continuada de modo a se fortalecerem para a constituição de relacionamentos marcados pelo respeito, horizontalidade e cuidado mútuo. Todos reportarão o andamento dos encontros de mentoria à coordenadora. Com o objetivo de preservar o sigilo, cada participante é livre para escolher o que gostaria de compartilhar. Tal como proposto por Barreto (2008), sugeriremos “não dizer segredos”. Caso situações delicadas surjam, as mesmas serão debatidas com docentes e técnicos que compõem a equipe do Núcleo de Apoio Psicopedagógico da FAMED, para que as medidas cabíveis sejam tomadas. Além disso, não há exigência de continuidade nos encontros de mentoria. Portanto, os participantes poderão desistir do processo a qualquer momento. Todos participantes indicarão seu interesse de participar e seu conhecimento sobre a metodologia proposta em formulário específico. Participantes com menos de 18 anos deverão anexar ao formulário carta de anuência assinada por um de seus representantes legais.

ALCÂNTARA, L. A. R. de et al. Mentoria: vantagens e desafios da educação on-line durante a pandemia de covid-19. Revista Brasileira de Educação Médica, v.45, n.supl.1, p.1-6,2021. https://www.scielo.br/j/rbem/a/SBN8Py6cDdWGZgwN7rjPnRG/?format=pdf&lang=pt ACHERMAN, Natália Dilella et al. Mentoria entre pares: Percepções de suporte social e ambiente educacional de estudantes de medicina. Revista Brasileira de Educação Médica, v.45, n.supl.1, p.1-8, 2021. https://doi.org/10.1590/1981-5271v45.supl.1-20210080. ARISTOVNIK, A. et al. Impacts of the COVID-19 Pandemic on Life of Higher Education Students: a global perspective. Sustainability, v. 12, n. 20, p. 1-34, 2020. https://doi.org/10.3390/su12208438 BARRETO, Alberto. Terapia comunitária: passo a passo. 3ª. ed. Fortaleza: LCR, 2008. BRASIL. Resolução Nº3, de 20 de junho de 2014. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina e dá outras providências. Ministério da Educação, Brasília, DF, 23 de junho de 2014. FRANZÓI, M. A. H.; LEITE, R. V. Diálogos entre dois programas de mentoria de pares em tempos de ensino remoto: desafios e possibilidades para cursos das ciências da saúde. Educação Em Foco, v. 25, n. 45, p. 110-129, 2022. https://doi.org/10.36704/eef.v25i45.6412 FIDELIS, G. T. A.; RIBEIRO, M. M. F.; ROCHA, A. M. C. Vinte anos de experiência de mentoria na Faculdade de Medicina da UFMG, desafios enfrentados e soluções propostas. Revista Brasileira de Educação Médica, v.45, n.supl1, p.1-4, 2021. https://doi.org/10.1590/1981- 5271v45.supl.1-20210132. GARMEL, G. M. Mentoring medical students in academic emergency medicine. AcadEmerg Med, v. 11, n. 12, p. 1351-1357, 2004. https://doi.org/10.1197/j.aem.2004.06.013. GRANER, K. M.; CERQUEIRA, A. T. A. R. Revisão integrativa: sofrimento psíquico em estudantes universitários e fatores associados. Ciência & Saúde Coletiva, v. 24, p. 1327-1346, 2019. doi.org/10.1590/1413-81232018244.09692017 MARTINS, P. M. D. et al. Mentoria entre pares na escola médica: uma estratégia colaborativa durante a pandemia da Covid-19. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 45, suppl 1, p. e118, 2021. https://doi.org/10.1590/1981-5271v45.supl.1-20210143 PALHARES, I. Universidades públicas tiveram queda de 18,8% no número de concluintes. Folha de São Paulo, 18 fev. 2022. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2022/02/universidades-publicas-tiveram-queda-de- 188-no-numero-de-concluintes.shtml. Acesso em 18 jul. 22. RAIMONDI, G. A. et al. Análise Crítica das DCN à luz das diversidades: Educação Médica e Pandemia da Covid-19. Revista Brasileira de Educação Médica, v.44, n. suppl 1, p.1-8, 2020. doi: https://doi.org/10.1590/1981-5271v44.supl.1-20200361 SOUSA, M. n. a. et al. Transtornos emocionais em estudantes de medicina. Brazilian Journal of Health Review, v. 4, n. 1, p. 2894–2905, 2021. https://doi.org/10.34119/bjhrv4n1-233 SOUZA, M. G; REATO, L. F. N.; BELLODI, P. L. Ressignificando a relação entre calouros e veteranos: mentoria de pares na visão de alunos mentores. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 44, n. 4, e174, 2020. https://doi.org/10.1590/1981-5271v44.4-20200113 WILCHA, R. J. Effectiveness of Virtual Medical Teaching During the COVID-19 Crisis: Systematic Review. JMIR Med Educ, v. 6, n. 2, e20963, 2020. doi:10.2196/20963

Nos ciclos de mentoria e nos eventos, tanto o bolsista quanto outros graduandos voluntários poderão aplicar conhecimentos, habilidades, estratégias e técnicas de comunicação que contribuem para a sua formação acadêmica, profissional e humana. Uma vez que o projeto já conta com a participação de discentes de medicina, é válido ressaltar que a metodologia proposta vai ao encontro do que preconizam as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso (BRASIL, 2014): formação de profissionais generalistas e humanistas, que trabalham em conjunto das comunidades sociais objetivando o desenvolvimento mútuo (RAIMONDI et al, 2020). Além dos discentes de medicina, serão convidados a integrar o projeto discentes de todos os cursos da UFVJM, especialmente das licenciaturas. Espera-se que a interação entre graduandos de diferentes cursos seja tanto um enriquecimento para as ações do projeto, quanto para a formação dos discentes para o trabalho em equipes multidisciplinares. Por isso, esta é uma iniciativa que pretende possibilitar o encontro entre pessoas de diferentes formações e em diferentes momentos de vida numa perspectiva horizontal e interdisciplinar. Tais encontros visam refletir sobre os processos de ingresso e estratégias para estudo e permanência no ensino superior. Valorizando o potencial e os saberes de todos os setores da sociedade, espera-se favorecer, especialmente, o intercâmbio entre universitários e adolescentes e jovens matriculados na rede pública dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Como indicado na metodologia, haverá integração deste projeto de extensão com o ensino por meio da proposição de uma aula prática a ser realizada no módulo “Desenvolvimento Pessoal III: Psicologia do Desenvolvimento” do curso de medicina da FAMED. No referido módulo, na visita que será realizada para que a turma interaja com adolescentes, os graduandos serão convidados a atuarem naquele momento como mentores, numa adaptação do chamado “mentoring one shot” (FRANZOI, LEITE, 2022). A proposta será transformar aquele encontro único numa oportunidade de trocas entre estudantes, aprendendo com os adolescentes sobre suas experiências e repassando a eles informações e experiências sobre o ingresso e a permanência na universidade. Finalizado os encontros, os discentes realizarão um relatório descritivo, evidenciando como a experiência vivida se articula com os aprendizados em sala de aula. O bolsista e graduandos voluntários receberão formação inicial e continuada para atuarem como mentores. Serão acompanhados pela coordenação do projeto por meio de encontros quinzenais de supervisão, nos quais serão estimulados a descrever os encontros de mentoria e a se auto-avaliarem enquanto mentores. Além disso, estes encontros serão ocasião para refletir sobre o projeto como um todo, suas possíveis contribuições e perspectivas futuras, especialmente contribuir, quando for o caso, na criação de outros grupos de mentoria estudantil. Caberá ao bolsista, além da atuação como mentor, ser referência para os demais mentores voluntários, além de participar da publicação de posts e organização de eventos virtuais. Nesses eventos que terão como meta apresentar e discutir essa metodologia que vem sendo implementada na Famed/UFVJM, espera-se contribuir para a formação humana e acadêmica de todos os discentes envolvidos, bem como para difusão de experiências e construção coletiva de saberes com a comunidade em geral. Por fim, os membros do projeto serão continuamente convidados a apresentar os resultados em eventos e a publicar em periódicos científicos.

Conforme indicado na Introdução e Metodologia, o projeto ora proposto se constitui como amadurecimento das Jornadas de Mentoria entre Pares desenvolvidas na Famed em 2021 e 2022. Na pesquisa em desenvolvimento, as análises das respostas dos participantes atestam o potencial da mentoria entre pares para a aprendizagem de habilidades técnicas e também para o desenvolvimento pessoal dos universitários. Ao extrapolar os muros da universidade, a expectativa é que seja dada continuidade à articulação da comunidade universitária à comunidade externa por meio de trocas dialógicas, especialmente com adolescentes e jovens da região. A meta é seguir contribuindo para a superação de entraves ao ingresso e permanência no ensino superior por meio do intercâmbio de conhecimentos e, especialmente, da disponibilidade dos universitários em serem companhia na travessia rumo à universidade e de se abrirem para aprender com pessoas que podem ter experiências de vida muito diversas das suas.