Trata-se de uma ação vinculada ao Programa PROAN, registrado na PROEXC, onde discentes da disciplina de Patologia da Nutrição e Dietoterapia I irão atender na Clínica Escola de Nutrição, indivíduos com obesidade, que desejam melhoria no estado de saúde. Esses pacientes terão um acompanhamento semestral por discentes do curso de nutrição supervisionados por uma equipe de servidores nutricionistas da UFVJM.

Um outro jeito de olhar: vamos falar de obesidade

Desde 2004 o Departamento de Nutrição da UFVJM oferece à população de Diamantina e região, bem como à comunidade universitária, atendimento nutricional ambulatorial individualizado. Estes atendimentos têm ocorrido por meio do Programa de Extensão intitulado Atendimento Nutricional (PROAN) utilizando-se da estrutura física da Clínica Escola de Nutrição, localizada no espaço físico do Departamento de Nutrição. Os atendimentos são realizados por discentes voluntários do curso de nutrição e orientados e supervisionados por nutricionistas. Nos atendimentos têm sido utilizados como ferramentas de Educação Alimentar e Nutricional, o plano alimentar prescrito, bem como orientações nutricionais, cartilhas, e folders sobre alimentação direcionadas aos problemas que o paciente apresenta. Muitos desses materiais são elaborados pela equipe responsável pelo programa, com apoio dos discentes envolvidos nos atendimentos, ou por bolsistas que atuaram em alguns semestres dentro da Clínica. Ademais, nos atendimentos outros recursos educacionais também têm sido utilizados, quais sejam orientações orais, modelos de alimento e utensílios culinários, como por exemplo colheres, copos, para melhor orientação sobre porcionamento de alimentos e demonstração de medidas caseiras além de réplicas anatômicas de órgãos e sistemas humanos, reprodução de vídeos e outras mídias eletrônicas. Essa ação visa atender o público de maior procura na Clínica Escola que procura por perda de peso: pacientes com obesidade, sejam crianças, adolescentes, adultos ou idosos. Tendo em vista que hoje a obesidade é considerada um problema de Saúde Pública Mundial.

No Brasil, mais de 60% da população tem excesso de peso e 6,7 milhões tem obesidade. Além disso, mais de 380 mil morrem de doenças cardiovasculares por ano, sendo que a alimentação sozinha é responsável por 15% das mortes das doenças crônicas no país. De acordo com a POF 2017/18, o padrão alimentar da população brasileira não é adequado, sendo marcado por variedade e quantidade baixa de frutas, verduras e legumes, por uma alta ingestão de carnes e por um aumento de consumo de ultraprocessados. Em 2019, segundo o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), salgadinhos e biscoitos salgados foram os alimentos mais consumidos, seguidos de margarina, maionese e molhos industrializados. Na pandemia 64% das famílias entrevistadas não compraram frutas nos três meses anteriores à pesquisa. Tendo em vista esse cenário no Brasil, torna-se essencial o tratamento dietoterápico dessa população para melhoria do estado de saúde, redução das comorbidades associadas e consequentemente o aumento na qualidade de vida.

Promover atendimento nutricional ambulatorial a pessoas acima do peso que busquem pelo atendimento na clínica escola de Nutrição e promover atividades de Educação Alimentar e Nutricional em âmbito individual e coletivo nas mídias digitais Instagram Elaborar e distribuir material educativo impresso e digital sobre alimentação saudável, assim como alimentação adequada a doenças nas quais a alimentação possa auxiliar no controle; Criar perfis do projeto nas plataformas digitais tais como instagram para promover a Educação Alimentar e Nutricional; Alimentar periodicamente os perfis sociais com conteúdos sobre alimentação e hábitos de vida saudáveis; Intensificar o intercâmbio entre outros cursos da saúde, promovendo ações em conjunto e recebendo pacientes encaminhados de outras especialidades; Produzir publicação para apresentação em eventos científicos tais como encontros e seminários bem como para compor o acervo da biblioteca da UFVJM.

O projeto tem como meta atender pelo menos 20 pessoas de maneira direta em atendimento nutricional presencial por semestre divulgar pelo menos 12 publicações nas mídias sociais. .

É parte da rotina de atendimento nutricional ambulatorial da Clínica Escola de Nutrição a aplicação de questionários e inquéritos de avaliação alimentar e nutricional bem como avaliação nutricional. Dessa forma, os instrumentos de avaliação do consumo alimentar e de medidas antropométricas serão utilizados dentro desta rotina de atendimento. Todos os pacientes que ligarem para a Clínica Escola de Nutrição procurando pelo atendimento nutricional e que puderem ser encaixados na agenda de atendimento durante o semestre letivo, deverão ser submetidos a avaliações antropométricas, de adiposidade, de estilo de vida, dietética, e de pressão arterial. Além disso, serão submetidos a atividades educativas individuais e/ou em grupo e incentivados a acompanharem os perfis virtuais vinculados à ação. Avaliação antropométrica e de adiposidade As variáveis antropométricas avaliadas serão o peso e a altura, para cálculo do índice de massa corporal (IMC), a circunferência da cintura (CC), para avaliação do risco metabólico. As medidas de peso, altura e CC serão aferidas de acordo com Jellife5. A classificação do estado nutricional será realizada de acordo com os pontos de corte recomendados pela Organização Mundial da Saúde para crianças6 e adultos7. Para idosos serão utilizadas as recomendações da Organização Pan-Americana de Saúde8 e para classificar o risco metabólico em adultos e idosos serão considerados os critérios de Han et al.9 A adiposidade, representada pela porcentagem de gordura corporal (%GC) será avaliada por bioimpedância elétrica, utilizando o aparelho Biodynamics 450 seguindo as instruções do fabricante. Só será avaliada a adiposidade dos pacientes que procurarem a Clinica para emagrecimento. Os pacientes serão orientados, previamente, em relação aos requisitos para a realização do teste conforme Lukaski10. Os resultados para a estimativa de gordura corporal serão classificados conforme os critérios de Lohman et al.11. Avaliação socioeconômica e de estilo de vida A condição socioeconômica será avaliada por meio do questionamento referente ao grau de escolaridade, condição de moradia e renda familiar. O estilo de vida será avaliado por meio do tabagismo, do consumo de bebida alcoólica e da prática de atividade física. Para o consumo de cigarro e bebida alcoólica será questionado se o paciente faz uso atualmente ou não, considerando a quantidade consumida por dia (Apêndice 1). Avaliação dietética Para a avaliação dietética será realizado um recordatório alimentar de 24 horas (RA 24 horas) e um questionário de frequência de consumo (QFCA). O QFCA foi desenvolvido para a população de Diamantina12. Para cada indivíduo, será feito o registro retrospectivo da frequência de consumo de alimentos, referente aos últimos 30 dias. Além disso, será também questionado o consumo mensal de sal e açúcar (Kg/mês), e de óleo (latas/mês) para determinação do consumo diário. A adequação de ingestão desses alimentos será avaliada segundo critérios da OMS14 (Apêndice 1). O consumo de energia, colesterol, macronutrientes (proteínas, carboidratos e lipídios) e micronutrientes (cálcio, fósforo, ferro), será estimado a partir dos RA24h de três dias (sendo dois de meio de semana e um de final de semana). Para esta avaliação será utilizado o software desenvolvido na UFV15. Avaliação da pressão arterial As medidas da pressão arterial serão realizadas no período basal e a cada dois meses. Serão realizadas três medidas num intervalo de 3 minutos cada e precedidas de 10 minutos de repouso de acordo as orientações do fabricante do aparelho. O aparelho de pressão a ser utilizado para esta medida será o monitor automático de braço modelo HEM 705CP MRPA da marca Omron®. Serão considerados hipertensos os pacientes com pressão arterial superior a 140 x 90 mmHg16. Intervenções nutricionais individuais e estímulo para atividade física A intervenção nutricional constará de atendimentos individuais (aconselhamento dietético) e/ou em grupo, os quais acontecerão uma vez por mês. No aconselhamento dietético os pacientes receberão orientações dietéticas, de acordo com seus hábitos alimentares, comportamentais, antropométricos e de composição corporal. O Guia Alimentar para População Brasileira17 será utilizado como instrumento para educação alimentar e nutricional, considerando os princípios básicos de uma dieta saudável. Serão prescritas dietas individualizadas, visando melhora/manutenção da saúde dos pacientes. Antes do início das atividades os acadêmicos envolvidos serão treinados e qualificados pela equipe do projeto que como já referido, será composto por duas docentes do Curso de Nutrição, uma nutricionista responsável técnica pela Clínica Escola de Nutrição e uma técnica em Nutrição do Departamento de Nutrição, parte da equipe citada atua na Clínica de Nutrição há vários anos. Todas as etapas do projeto serão supervisionadas e acompanhadas por esta equipe que avaliará a frequência, produtividade e desempenho dos discentes por meio de registros de frequência, número de atendimentos prestados por cada aluno e qualidade das informações e registros levantados. Do ponto de vista ético, das ações que estão previstas nenhuma atividade é passível de constrangimento ou qualquer tipo de dano aos sujeitos envolvidos. Serão atendidos todos que ligarem para Clínica solicitando atendimento nutricional. Assim a participação neste projeto acontecerá de forma voluntária e espontânea, e caso algum paciente deseje suspender sua participação poderá fazê-la quando julgar necessário. E caso se sinta constrangido com alguma pergunta ou medida, poderá se recusar a fornecê-la. Os dados levantados por meio das ações só serão divulgados de maneira global, não sendo possível identificar os indivíduos das quais se originaram. Produção e divulgação de conteúdo impresso e digital Os discentes voluntários da ação serão os responsáveis por criar conteúdos a serem divulgados de forma impressa ou digital e administrar os perfis do ação nas rede social, sob a supervisão e orientação de nutricionistas da equipe. Os conteúdos das postagens e dos materiais impressos estarão sempre relacionados a hábitos de vida saudáveis, dando prioridade à prevenção de DCNT e demais morbidades relacionadas à alimentação e nutrição. Destaca-se que todos os materiais produzidos serão pautados no conhecimento científico publicado em artigos científicos e em sociedades científicas, e serão priorizadas uma linguagem fácil e acessível para as pessoas.

Alvarez TS, Zanella MT. Impacto de dois programas de educação nutricional sobre o risco cardiovascular em pacientes hipertensos e com excesso de peso. Rev. Nutr. 2009;22(1):71-79. Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à fome. Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para Políticas Públicas. Brasília, DF, 2012. IBGE.Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de Orçcamentos Familiares 2017/2018. Análise da Segurança Alimentar no Brasil. Rio de Janeiro 2020. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br;visualizacao/livros/liv101742pdf>. Acesso em 23/04/2023. IDEC. Instituto Brasileiro de Defesa do Consumirdor. Pandemia: aumento de consumo de ultraprocessados pelo Brasil.2020. Disponível. GBD. Global Burden of Diseases. GBD Compare/Deaths Attribuable to Dietary Risks 2019 Brazil. Disponível em: <http://ihmeuw.org/5gsk>. Acesso em 25/04/2023. World Health Organization (WHO). Estratégia global em alimentação saudável, atividade física e saúde. Genebra: WHO; 2004. Santos LAS. Educação alimentar e nutricional no contexto da promoção de práticas alimentares saudáveis. Rev. Nutr. 2005; 18(5):681-692. Jellife DB, Evaluacion del estado d nutrición de la comunidade; com especial referencia a las regiones en desarrollo. Genebra: Org. Mundial de la Salud. 1968. World Health Organization. WHO child growth standards: length/height-for-age, weight-for-age, weight-for-length, weight-for-height and body mass index-for-age: methods and development. Geneva: World Health Organization. Department of Nutrition for Health and Development 2006. World Health Organization – WHO. Obesity: prevening and managing the global epidemic. Geneva: Report of a WHO Consultation on Obesity; 1998. Organización Panamericana de la Salud/oficina sanitaria panamericana, la oficina regional Del/ Organización mundial de la salud. Anales da 36ª Reunión del Comité Asesor de Investigaciones en salud. Encuesta multicentrica: salud, bien estar y envejecimiento (SABE) en América Latina y el Caribe; mayo 2001. Washington (DC): Wold Health Organization. Han TS, Van Leer EM, Seidell JC, Lean ME. Waist circumference action levels in the identification of cardiovascular risk factors: prevalence study in a random sample. Br Med J., 311: 1401-05,1995. Lukaski HC, Bolonchuk WW, Hall CB, Siders WA. Validation of tretapolar bioelectrical impedance method to assess human body composition. J App Physi., 60:1327-1332, 1986

Estabelecer uma relação entre a universidade (Clínica Escola de Nutrição) CEAN e pacientes obesos, com vista a viabilizar o atendimento nutricional suprindo a demanda por esse tipo de serviço na cidade de Diamantina-MG. A relação estabelecida nessa ação tem potencial para inserir a CEAN parceira na solução da elaboração de planos nutricionais gratuitos voltados para a população obesa. A interação entre o CEAN e o público alvo dar-se-á pela prestação de consultas e acompanhamentos nutricionais, além de ocasionalmente, oficinas e cursos. A equipe colocar-se-á a disposição pacientes para discussão dos planos, proposição de melhorias no processo produtivo a partir dos resultados.

A ação conecta conhecimentos de diversas disciplinas do curso de nutrição como de microbiologia de alimentos; métodos analíticos, fisiologia humana, imunologia, patologia, técnica dietética, farmacologia, educação alimentar e avaliação nutricional, onde o aluno tem a oportunidade de colocar em prática todos os conhecimentos teóricos vistos nas disciplinas já cursadas anteriormente, bem como os conhecimentos da disciplina Patologia da Nutrição e Dietoterapia I que estarão vivenciado a teoria e a prática simultaneamente.

A ação é uma alternativa pedagógica para discentes ao exercer uma atividade de pesquisa com da qualidade, com possibilidade de criar bancos de dados dos participantes e acompanhamento ao longo prazo dos resultados é uma alternativa para obtenção de resultados do comportamento do indivíduo obeso frente às estratégias utilizadas por essa ação. Os resultados, poderão ser utilizados como trabalhos de conclusão de curso, apresentados em eventos e seguirão toda a metodologia de um projeto de pesquisa, apesar de estar registrado como uma ação de extensão.Vale destacar que alguns pacientes obesos já tem diálogo estabelecido com o coordenador da proposta por meio de atividades de extensão vem sendo desenvolvidas nesse semestre em outro projeto. Portanto, a equipe já estabeleceu um diálogo com alguns dos participantes que integram o publico alvo da ação.

Trata-se de uma ação voltada para um tema de uma epidemia mundial que é a Obesidade, os discentes terão a oportunidade de atender o indivíduo obeso com suas multíplas comorbidades patológicas, que abordam tanto o tema alimentar, como o comportamental, o psicológico, farmacológico e cirúrgico. Espera-se formar profissionais mais humanos e cientes das etiologias e fisiopatologias que causam a obesidade, trazendo uma nova forma de visão da abordagem dos profissionais nutricionistas. Onde as mudanças de comportamento, melhoras nos níveis dos exames bioquímicos, no sono, humor e na qualidade de vida devem ser tão priorizadas quanto ou senão mais que a perda de peso. Além disso, os discentes estarão aptos a trabalhar com técnicas de abordagem de consumo dietético, métodos de avaliações nutricionais, intrepretação de exames bioquímicos que os tornarão mais capacitados para atender essa demanda tão alta que existe no sistema de saúde pública.

Dispor à comunidade regional obesa, especificamente Diamantina e região, um serviço de atendimento nutricional gratuito. Atualmente, a prefeitura municipal de Diamantina tem apenas uma nutricionista na policlínica da cidade que prescreve planos alimentares gratuitos. A lista de espera é enorme, sendo que o paciente demora, na maioria das vezes, muito tempo para ser atendido. Sabe-se que a obesidade é uma doença que não tem cura e que quanto maior o grau da doença, maior o risco de mortalidade. A clínica Escola de Nutrição possui 4 consultórios disponíveis para o atendimento de pacientes. Sendo essa uma ação para tratar a obesidade, há de se levar em conta o benefício para a população que está na lista de espera para atendimento com comorbidades graves advindas da obesidade e de que não há dúvidas que essa ação trará benefícios e impactos positivos na nossa região.

A divulgação da ação se dará através de mídias sociais, cartazes e divulgação no instagram da Clínica Escola de Nutrição da UFVJM @clinica.nutri.ufvjm